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Dinheiro e política

27 de dezembro de 2010

A comunidade internacional, que acompanha o caso com atenção, acredita que a condenação tenha razões políticas. O ex-empresário é acusado de ter desviado milhões de toneladas de petróleo russo.

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Mikhail KhodorkovskyFoto: AP

Mikhail Khodorkovsky, empresário russo e crítico do governo de Vladimir Putin, recebeu uma nova condenação nesta segunda-feira (27/12). A pena do adversário político do Kremlin, no entanto, deverá ser conhecida nos próximos dias.

O ex-chefe do consórcio petrolífero Yukos está preso há sete anos – ele foi condenado há oito por lavagem de dinheiro e acabaria de cumprir sua pena em outubro de 2011. Mas o Ministério Público pediu uma sentença de seis anos adicionais por evasão fiscal.

O empresário de 47 anos, juntamente com seu parceiro de negócios Platon Lebedev, é acusado de desviar 218 milhões toneladas de petróleo entre 1998 e 2003, o que equivaleria a 27 bilhões de dólares.

Motivação política

A comunidade internacional acompanha com grande atenção o desenrolar do julgamento. Para muitos países ocidentais, o caso Khodorkovsky é uma prova das deficiências no Estado de direito na Rússia.

Antes de sua prisão, em 2003, o antigo empresário havia se engajado em movimentos da sociedade civil, além de ter financiado partidos da oposição russa. Khodorkovsky representava também uma voz crítica ao então chefe de governo, Vladimir Putin.

"Hoje é um dia triste para a Rússia", disse Boris Nemzov, antigo vice-chefe do governo russo. O movimento de oposição se disse "chocado" com a condenação proferida nesta segunda-feira. A polícia prendeu cerca de 20 manifestantes que pediam a liberdade do réu em frente ao prédio do julgamento.

Mikhail Khodorkovsky, que já foi o homem o mais rico da Rússia, nega as acusações, e acredita que o processo contra ele tenha motivos políticos. O antigo conglomerado petrolífero por ele chefiado já não existe mais. Ele foi desmantelado e adquirido em grande parte por consórcios russos estatais.

Flash-Galerie Michail Chodorkowski
Ex-empresário (ao fundo) acompanhou julgamento atrás de vidro (foto de 2009)Foto: Picture-Allaince/dpa

Fora da Rússia

Para a Alemanha e os Estados Unidos, o processo é um "teste" para o governo de Dimitri Medvedev e as reformas prometidas por ele. Markus Lönig, relator de direitos humanos do governo alemão, criticou a sentença, que classificou como "um exemplo de justiça arbitrária".

Também Marieluise Beck, parlamentar alemã que atuou como observadora do processo Khodorkovsky, revelou sua desconfiança já antes da condenação. "Pode-se ver que esse juiz não decide nem conduz o processo, que ele não está em busca da verdade resultante da troca de argumentos entre a defesa e a promotoria, mas esse juiz só lerá uma sentença que provavelmente não foi escrita por ele."

Beck também citou o risco que correm as empresas alemãs ao investir na Rússia. "São justamente elas que precisam da segurança de um Estado de direito na Rússia. Elas poderiam deixar claro que tal arbitrariedade as preocupa muito e que é difícil expor os acionistas ao risco de investir na Rússia, onde não existe proteção do Estado de direito e da propriedade – essa linguagem seria compreendida por Putin."

Em entrevista à revista Snob, a esposa do empresário, Inna Khadorkovskaya, disse temer que seu marido permaneça na prisão até, pelo menos, as eleições presidenciais russas de 2012.

De dentro da prisão

Mesmo atrás das grades, a postura crítica do ex-bilionário se manteve nos últimos anos. Depois de sua primeira condenação por sonegação de impostos, em maio de 2005, ele disse: "Eu sei que a minha condenação foi decidida no Kremlin".

E em fevereiro de 2007, após o anúncio da nova ação judicial contra ele por suposto roubo de milhões de toneladas de petróleo, Khodorkovsky disse: "O que está acontecendo aqui é claro: uma farsa vergonhosa que nada tem a ver com justiça."

NP/dpa/rtr/afp
Revisão: Roselaine Wandscheer