Afeganistão
28 de janeiro de 2010A Conferência de Londres sobre o Afeganistão, que reuniu cerca de 70 líderes mundiais, representou um passo decisivo para assegurar, estabilizar e desenvolver o Afeganistão, afirmou a declaração conjunta emitida ao final do encontro, nesta quinta-feira (28/01). O comunicado salientou ainda o "compromisso de longo prazo" da comunidade internacional em relação ao país asiático.
A comunidade internacional pretende transferir a responsabilidade pela segurança no Afeganistão ao governo de Cabul até 2014. No cronograma para a retirada das tropas não foi, entretanto, estabelecida uma data clara para o fim da presença das forças internacionais no país.
Na estratégia acordada em Londres, as potências ocidentais se comprometem a ajudar na reconstrução do Exército, da polícia, do governo e da economia afegãos, incluindo incentivo financeiro para fazer com que insurgentes abandonem as armas.
Ajuda em troca de maior empenho
Em troca, pede-se ao governo afegão que se empenhe com mais firmeza na segurança militar, na luta contra a corrupção, na melhoria dos direitos humanos e nas garantias básicas para os cidadãos, como também que incremente a cooperação com as nações vizinhas.
O anfitrião da conferência, o primeiro-ministro britânico Gordon Brown, anunciou que a transferência de responsabilidades de distritos pacíficos para o governo local começará ainda este ano. "A maioria das missões nas regiões instáveis deverão, dentro de três anos, ser realizadas pelo Exército afegão", diz a declaração de encerramento da reunião. "Na medida em que as forças de segurança afegãs vão ficando mais fortes, podemos passar a responsabilidade pela segurança, e nossas tropas podem ir para casa", observou Brown.
Mas o presidente afegão, Hamid Karzai, deixou claro que espera poder contar com a presença das tropas internacionais por mais 10 a 15 anos. Seu país ainda não dispõe dos recursos suficientes para Forças Armadas e polícia, segundo disse à emissora BBC.
Dois lados da mesma moeda
O ministro alemão do Exterior, Guido Westerwelle, afirmou não ver disparidade alguma entre os planos acertados e o desejo de Karzai por um engajamento militar mais longo. "Isso não significa que esqueceremos a responsabilidade em relação aos afegãos", disse.
"A comunidade internacional ainda se ocupará por bastante tempo [com o Afeganistão]", completou Westerwelle. Ele ressaltou, no entanto, que os cidadãos da Alemanha e dos outros países que compõem a Força Internacional de Assistência para Segurança (Isaf) querem ver uma perspectiva de retirada.
Westerwelle enfatizou também o interesse contínuo da comunidade internacional em uma democratização do Afeganistão. "Estabilização e democratização são dois lados da mesma moeda", explicou.
Um plano para a transferência gradual de responsabilidades para as forças de segurança afegãs deve ser detalhado em uma conferência em Cabul, agendada para o primeiro semestre deste ano. As forças internacionais querem reforçar o treino das forças de segurança afegãs.
Fundo para reabilitação de talibãs
Karzai voltou a se manifestar a favor de um processo de reconciliação interno. Ele afirmou que está "com as mãos estendidas" para os militantes que renunciarem à violência, que não pertencem à Al Qaeda e que respeitem à Constituição.
No documento final, os participantes apoiam a reabilitação de talibãs moderados e anunciaram a criação de um fundo para auxiliar a reabilitação dos rebeldes talibãs. O governo alemão confirmou que contribuirá com 50 milhões de euros, distribuídos em cinco anos.
"Queremos que os jovens que não são terroristas ideológicos ou fundamentalistas tenham uma chance para voltar à sociedade afegã", afirmou o ministro alemão do Exterior, Guido Westerwelle.
Ele classificou a conferência como um novo começo, sublinhando que ainda em 2010 deve ser iniciada a transferência da responsabilidade sobre segurança para o Afeganistão e que a redução das tropas estrangeiras no país terá início em 2011, com previsão de conclusão em 2014. "Não queremos ficar no Afeganistão por toda a eternidade", concluiu.
MD/dpa/ap
Revisão: Carlos Albuquerque