Conflito a bordo: a técnica é mais confiável que o ser humano?
9 de julho de 2002A questão mais debatida no momento entre peritos em vôo é o que terá levado o piloto do Tupolev 154 a obedecer à ordem do controlador da Skyguide para baixar a altitude do avião, ignorando as instruções do equipamento antichoque de bordo, que lhe indicara segundos antes que deveria subir. No mesmo instante, o piloto do cargueiro Boeing 757 também iniciou uma manobra de descida, seguindo as indicações de seu sistema de alarme.
A análise das caixas pretas pela Agência Alemã de Investigação de Acidentes Aéreos confirmou que os dois equipamentos estavam funcionando e tinham passado aos pilotos, pouco antes do choque, as respectivas instruções.
Em caso de ordens contraditórias, o piloto deve guiar-se pelo TCAS (Traffic Collision Avoiding System) de sua aeronave, que está em comunicação constante com o sistema da outra aeronave. Esta é a única garantia para evitar uma colisão, defende tanto a Associação Internacional de Transporte Aéreo (IATA) quanto o sindicato dos pilotos alemães Cockpit. Já a Central Alemã de Controle Aéreo ressaltou que não existem regras internacionais que obriguem os pilotos a se orientar pelo equipamento de bordo.
Conseqüências para o centro suíço de controle aéreo
A Skyguide deliberou medidas para o trabalho de seus funcionários visando a evitar que situação semelhante se repita. A empresa suíça de controle aéreo, responsável pela área em que ocorreu a catástrofe, foi altamente criticada pela série de panes que lá ocorreram na noite de 1º para 2 de julho.
A partir de agora, não poderá ficar apenas um funcionário de plantão, nem durante o dia, nem à noite. Quando o acidente ocorreu, o segundo controlador de serviço estava fazendo pausa para o lanche. Além disso, o equipamento de alarme só poderá ser desativado se forem destacados mais funcionários para o plantão. Naquela noite, tanto o sistema antichoque quanto a central telefônica tinham sido desligados para manutenção.
Difícil identificação das vítimas
Das 71 vítimas, 47 puderam ser identificadas até segunda-feira (08) à noite. No caso das demais 24, a identificação está muito difícil e só poderá ser levada a cabo por meio da comparação de material genético, divulgou a polícia alemã nesta terça-feira. (lk)