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Temor de 'nova Guerra Fria'

Agências (as)21 de agosto de 2008

Escudo antimíssil americano em território polonês, conflito na Geórgia e esfriamento das relações da Rússia com a Otan geram o temor de uma "nova Guerra Fria". Washington e Moscou negam.

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Rússia anuncia saída da Geórgia, mas 500 soldados permanecerão na Ossétia do SulFoto: AP

A assinatura do acordo entre Estados Unidos e Polônia para a instalação de um escudo antimíssil em território polonês, as discussões sobre a Geórgia no Conselho de Segurança da ONU e a decisão da Rússia de congelar a cooperação militar com a Otan elevaram esta semana o temor de uma "nova Guerra Fria" envolvendo o Ocidente e a Rússia.

Ambos os lados negam. O representante da Rússia na Otan, Dimitri Rogozin, afirmou que a Guerra Fria acabou e não voltará a existir. Também a secretária de Estado norte-americana, Condoleezza Rice, disse que Rússia e Ocidente não estão vivendo uma "nova Guerra Fria".

O estranhamento entre os dois lados teve um novo capítulo nesta quinta-feira (21/08), quando a Rússia suspendeu por tempo indeterminado sua cooperação militar com a Otan. A atitude russa ocorreu dois dias após os países da Otan decidirem suspender as reuniões do Conselho Otan-Rússia até a completa retirada das tropas russas da Geórgia.

Polen USA Abkommen zu Raketenschild Rice und Kaczynski
Rice e Kaczynski durante assinatura de acordo militarFoto: AP

Diplomatas da Otan disseram que o congelamento da parceria não é geral. Os combates ao tráfico internacional de drogas e ao terrorismo, por exemplo, não seriam afetados. Também a suspensão do trabalho conjunto no Afeganistão não estaria em questão.

Polônia

Na quarta-feira (20/08), Estados Unidos e Polônia assinaram um acordo para a instalação de um sistema capaz de destruir, em pleno vôo, mísseis balísticos de longo alcance. Os Estados Unidos afirmam que o sistema tem por objetivo defender o território americano de ataques do Irã e da Coréia do Norte.

A Rússia advertiu que a reação ao acordo não será limitada a uma ação diplomática. Segundo o Ministério russo das Relações Exteriores, o potencial bélico dos Estados Unidos "aproxima-se insistentemente das nossas fronteiras".

"A instalação do sistema de defesa antimíssil na Europa tem como alvo a Rússia", afirmara também o presidente russo, Dimitri Medvedev, durante recente encontro com a chanceler federal alemã, Angela Merkel. Ele classificou de "conto de fadas" o argumento norte-americano de que o sistema serviria para a defesa de ataques iranianos e norte-coreanos.

Geórgia

NATO-Minister gegen Bruch in Beziehungen zu Russland
Encontro da Otan decide congelar relações com MoscouFoto: picture-alliance / dpa

Também na quarta-feira, a Rússia entregou no Conselho de Segurança da ONU um projeto de resolução sobre a Geórgia. O embaixador da Rússia nas Nações Unidas, Vitaly Churkin, disse que o documento contém uma repetição "palavra por palavra, vírgula por vírgula" dos seis pontos do acordo de paz negociado entre Moscou e Tbilisi pelo presidente francês, Nicolas Sarkozy.

Ao mesmo tempo, a Rússia rejeitou o projeto de resolução entregue pela França na terça-feira, afirmando que o texto contém apenas dois dos seis pontos do acordo de paz. O texto francês foi apresentado em nome dos países europeus e com o apoio dos Estados Unidos.

Os países ocidentais querem impedir que as províncias da Ossétia do Sul e da Abkházia se separem da Geórgia. Esse ponto fica claro na resolução apresentada pela França. Na resolução russa, porém, o tema não é explicitado. A proposta ocidental exige ainda a imediata retirada das tropas russas do país vizinho.

Nesta quinta-feira, a Rússia anunciou o início da retirada de suas tropas da Geórgia, ação que deverá estar concluída até esta sexta-feira. Mas um contigente de cerca de 500 militares permanecerá numa área na Ossétia do Sul, afirmou o ministro das Relações Exteriores, Sergei Lavrov. Já o governo da Geórgia negou que esteja acontecendo uma retirada das tropas russas.