Conflitos entre polícia e islamitas deixam dezenas de mortos em Bangladesh
6 de maio de 2013Ao menos 28 pessoas morreram em conflitos entre a polícia e radicais islâmicos em Daca, capital de Bangladesh, neste domingo (05/05). No total, cerca de 200 mil pessoas participaram dos diversos protestos na cidade, segundo cálculos da polícia.
Os extremistas religiosos têm protestado para que o governo aprove leis mais rigorosas contra a blasfêmia e torne obrigatória a educação islâmica. A primeira-ministra, Sheikh Hasina, descartou a possibilidade de uma nova lei e insistiu que não vai ceder às exigências extremistas.
O protesto reuniu cerca de 70 mil manifestantes muçulmanos num distrito comercial no centro de Daca. A polícia usou canhões de água, gás lacrimogêneo e balas de borracha para dispersar os manifestantes. "Eles nos atacaram com tijolos, pedras, barras e paus de bambu", disse Masudur Rahman, porta-voz da polícia, à agência de notícias AFP.
Em Kanchpur, área periférica no sudeste da capital, outros 5 mil islamitas entraram em confronto com a polícia. Ao menos seis pessoas foram mortas, incluindo três policiais e um guarda de fronteira, declarou o oficial de polícia Rezaul Karim.
Um porta-voz do Hefajat-e-Islam, principal grupo islâmico responsável pelos protestos, disse que o número de mortos foi muito maior do que o indicado pela polícia.
Os ativistas também bloquearam o tráfego em estradas de acesso à capital com pneus em chamas e troncos e entoaram slogans como "Deus é maior!" e "os ateus devem ser enforcados".
Na manhã desta segunda-feira, ao menos 10 mil policiais e paramilitares retiraram manifestantes do centro da capital. A polícia proibiu qualquer tipo de manifestação até à meia-noite e fechou o canal de televisão Diganta depois que foram ao ar cenas de confrontos entre islâmicos e policiais.
Os confrontos entre muçulmanos e o governo se intensificaram desde o começo do ano, após o julgamento de crimes relacionados à guerra pela independência do país, ocorrida em 1971. O número de mortos já chega a 140 desde janeiro.
CMN/afp/ap/dpa