Congresso esboçou desafios políticos da arquitetura contemporânea
28 de julho de 2002Para muitos arquitetos, teóricos e críticos de arquitetura, a realização do 21º congresso da Union Internationale des Architectes (UIA) em Berlim é uma ironia do destino. Afinal, o evento internacional trienal, iniciado pela UIA em 1948, em Lausanne, ocorreu pela primeira vez na Alemanha, justamente no ano em que a capital alemã fez a opção passadista pela reconstrução da fachada barroca do castelo Berliner Schloss bem no centro da cidade.
A euforia da renovação arquitetônica e urbanística da Berlim unificada, a cidade que foi o maior canteiro de obras da Europa na última década, culminou com a internacionalidade do projeto urbanístico do Potsdamer Platz. E depois disso um retrocesso passadista?
Berlim plural
– Em seu discurso de abertura do congresso, o chanceler federal alemão, Gerhard Schröder, convidou os participantes a formarem sua própria opinião sobre Berlim. Para ele, a pluralidade arquitetônica da capital alemã, incentivada por inúmeros concursos internacionais, é prova de que globalização não implica necessariamente uniformidade cultural. Referindo-se indiretamente ao debate em torno do Berliner Schloss, ele destacou que o "estilo moderno" não é o único critério de uma arquitetura bem-sucedida.Os desafios políticos à arquitetura –
Se a renovação arquitetônica e urbanística da capital alemã teve de se submeter à necessidade de representatividade política, que impediu um desenvolvimento orgânico e gradativo da paisagem urbana, outros desafios políticos se impõem agora à arquitetura contemporânea.O programa do congresso internacional de Berlim deu a entender que o valor estético da arquitetura contemporânea só pode ser concebido como função de sua compatibilidade econômica, social e ambiental. Diante dos problemas ambientais globais, o chanceler federal alemão apelou por formas de construção que atentem sobretudo para o problema energético através da exploração de energia solar e eólica.
Arquitetura e meio ambiente
– Sob o lema "Recurso Arquitetura", o 21º congresso da UIA enfocou a interação de moradia e meio ambiente, dando destaque à inovação técnica e a novas concepções urbanísticas que dêem conta dos desafios do crescimento demográfico.Infra-estrutura social, crescimento e superpopulação, o futuro das grandes cidades e os limites da megalópole, natureza e construção ambiental foram alguns temas do congresso que reuniu em Berlim, até a última sexta-feira (26/07), mais de cinco mil participantes, a metade do número previsto pelos organizadores. Do Brasil, participaram os arquitetos Joaquim Guedes e Jairo Aldemar Bastidas.