Conselho de Segurança debate propostas para a Síria
13 de julho de 2012De acordo com ativistas de oposição, a maioria das vítimas do ataque desta quinta-feira (12/07) ao povoado Taramseh, na região de Hama, no centro da Síria, é de civis. Depoimentos de diferentes testemunhas a agências de notícias apontam que a localidade foi violentamente atacada pelas forças ligadas ao governo. "Mais de 220 pessoas morreram hoje em Taramseh. Elas morreram em consequência de bombardeios por tanques de guerra e helicópteros, disparos de artilharia e execução sumária", afirmou o Conselho da Liderança Revolucionária de Hama.
A emissora estatal de televisão do país, por sua vez, acusou "grupos terroristas armados" de terem cometido o massacre em Taramseh, afirmando que três seguranças também foram mortos no conflito. Caso o número de vítimas seja confirmado, este terá sido o ataque com mais mortos desde o início dos conflitos na Síria em março de 2011. Ativistas estimam que os distúrbios no país já tenham causado 17 mil mortos.
Traçando um plano
Enquanto isso, os 15 membros do Conselho de Segurança da ONU em Nova York buscam um acordo para colocar fim à violência na Síria. O grêmio analisa duas propostas: a primeira delas vem do grupo de países ocidentais, liderado pelo Reino Unido, e prevê um prazo de 10 dias para que Assad cesse a violência antes que sejam implementadas sanções contra o regime, baseadas no capítulo 7º da Carta das Nações Unidas.
Este capítulo descreve as medidas que a ONU pode tomar para reaver a paz em regiões do mundo, não excluindo ações militares. A proposta britânica ampliaria também o mandato de Kofi Annan como enviado das Nações Unidas por mais 45 dias na Síria. De acordo com a previsão inicial, sua missão no país vai se encerrar no próximo 20 de julho. Até agora, os observadores não tiveram condições reais de implementar o plano de paz sugerido por Annan e acabaram sendo afastados de áreas cruciais de conflito em função da violência.
A Rússia, que se opõe ao plano britânico, apresentou outra proposta. De acordo com o plano russo, os mandatos dos observadores da ONU seriam prorrogados por 90 dias, sem menção ao capítulo 7º da Carta da ONU. A proposta determina uma implementação imediata do plano sugerido por Annan para uma transição política imediata no país, de acordo com os critérios estabelecidos no último mês em um encontro em Genebra. A sugestão não menciona sanções, já que esta é a principal objeção de Moscou ao plano sugerido pelos países ocidentais.
"Somos definitivamente contrários ao capítulo 7º," afirmou Alexander Pankin, embaixador russo na ONU, na quinta-feira: "Qualquer coisa poderá ser negociada, exceto isso. Está fora de cogitação", concluiu Pankin.
Falta de pressão
Outros países ocidentais argumentam que, sem a aplicação de sanções, Assad não terá qualquer razão para cumprir as diretrizes do plano de paz. "O regime não fará nada se não sofrer maiores pressões", afirmou a secretária de Estado dos EUA, Hillary Clinton.
Peter Wittig, embaixador da Alemanha nas Nações Unidas, acredita que o debate a respeito de uma proposta para a Síria deva continuar. "Tivemos uma discussão boa, calma e focada, mas ainda há um abismo no que concerne ao capítulo 7º. Vamos continuar o debate num espírito construtivo", finalizou o diplomata.
SV/afp/rtr/ap/dpa
Revisão: Roselaine Wandscheer