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Golfo do México

14 de junho de 2010

Nunca houve uma contaminação por petróleo nas dimensões como a que assola o Golfo do México. Em grandes profundidades é muito mais complicado decompor o óleo cru do que na superfície. Diversos ecossistemas são atingidos.

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Barreiras atacam a mancha de óleo na FlóridaFoto: AP

Há sete semanas está vazando óleo cru do poço de petróleo Mississipi Canyon 252 (MC252) no Golfo do México. Talvez a perfuração de poços de alívios seja a solução para o problema, mas ela só estará concluída em agosto.

O vazemento está afetando também a saúde de seres humanos. Cerca de 70 pessoas estão em tratamento devido a náuseas, dores de cabeça, inflamações nos olhos e problemas respiratórios. Oito pacientes tiveram de ser internados.

Há várias semanas se discute quanto petróleo está vazando do poço de extração da plataforma afundada Deepwater Horizon. Desde a quinta-feira passada há uma nova projeção de que a cada dia vazem até 6,4 milhões de litros de petróleo no Golfo do México. Isso é o dobro do que se estimava até então.

"Já estamos nos deparando com efeitos dramáticos", diz Carl Gustaf Lundin, chefe do departamento marinho na União Internacional para a Conservação da Natureza e Recursos Naturais (IUCN, da sigla em inglês), uma organização ambiental com sede em Gland, Suíça.

Dispersantes nocivos

"Esta é uma das maiores catástrofes com petróleo que já tivemos, e ela afeta todos os ecossistemas, seja diretamente em volta do poço, de 50 até 1.000 metros de profundidade e da superfície do mar até a costa. As algas, as praias e cada vez mais os pântanos e as florestas de mangue estão poluídas com óleo cru", diz.

Lundin explica que o petróleo não está apenas na superfície. Em águas profundas formaram-se nuvens com minúsculas gotas de petróleo. Embora a concentração de óleo ali seja relativamente baixo, ninguém pode prever a reação dos organismos que vivem em águas profundas.

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Pelicano coberto de óleo na Ilha de Queen Bess, no Golfo do MéxicoFoto: AP

Ele lembra que nunca houve uma contaminação a essa profundidade, por isso é difícil prever as consequências. "Mas sabemos que o petróleo se decompõe mais dificilmente do que na superfície, por isso é provável que efeitos graves se estendam por um longo período."

Lundin demonstra preocupação também com a grande quantidade de dispersantes que estão sendo usados. Estes produtos químicos têm a finalidade de dissolver a mancha de petróleo e desta forma proteger a costa americana, mas se trata de substâncias altamente tóxicas, cujos efeitos colaterais sobre os diferentes ecossistemas não são previsíveis, adverte Ron Kendall, da Universidade Técnica do Texas.

"Os mais diferentes habitats do Golfo do México estão sendo atingidos. E com isso o veneno chega a todos os lugares, especialmente os chamados Hidrocarbonetos Aromáticos Policíclicos (HAPs), que são tóxicos para plantas, animais e seres humanos por atacarem órgãos como o fígado e os rins."

Os cientistas temem que as substâncias tóxicas contidas no petróleo e nos dispersantes possam entrar na cadeia alimentar humana.

"As substâncias tóxicas podem se depositar em ostras, camarões ou caranguejos e assim chegar ao ser humano. A última estimativa que conheço prevê que 20% do Golfo do México está fechado, porque os frutos do mar ali já estão contaminados demais para o consumo humano", diz Kendall.

Em direção à Europa?

A área do mar contaminada pela mancha de óleo foi fechada para a pesca, o que representa um prejuízo aos pescadores difícil de ser avaliado. E muitas pessoas que trabalhavam em outras plataformas de perfuração offshore perderam os empregos porque o governo suspendeu temporariamente o funcionamento delas.

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Trabalhadores durante a limpeza da praia de Grand Isle, na LouisianaFoto: AP

"Para os seres humanos, será uma coisa que vem e vai", diz Gustaf Lundin. Também a natureza vai se recuperar algum dia. Mas, por enquanto, milhares de aves lambuzadas de petróleo e outros animais continuam sofrendo com o vazamento.

Gustav Lundin lembra que o Golfo do México é uma importante área de reprodução para o atum, espécie ameaçada de extinção. Tanto os atuns jovens como os filhotes de tartarugas marinhas se escondem em algas flutuantes, agora contaminadas com óleo. E na praia, serão atingidos os filhotes de aves marinhas e os camarões, adverte.

Soma-se a estes problemas o fato de já ter começado a temporada de furacões, cujos ventos violentos podem empurrar as manchas de óleos para outras regiões. As consequências do vazamento se tornarão ainda mais imprevisíveis se o petróleo atingir a corrente do Golfo e, assim, chegar a Cuba, Bahamas e à costa leste dos Estados Unidos.

Se chegar até lá, a mancha de óleo não será a mesma de agora. Devido aos efeitos da evaporação e da ação de bactérias, não passará de uma massa de betume boiando em direção à Europa.

Autora: Dagmar Röhrlich (rw)
Revisão: Alexandre Schossler