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Mercado de trabalho

22 de janeiro de 2010

Segundo especialistas, o desemprego em 2010 deve aumentar, mas poderia ser pior. Contratos temporários e emprego de meio período ajudam país a resistir à crise.

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Agência de emprego na AlemanhaFoto: picture alliance/dpa

Ao longo da primeira década desse século, o mercado de trabalho alemão ficou mais flexível e mais abrangente. Em consequência, o numero de pessoas ocupadas no país nunca foi tão alto como atualmente: 40 milhões de cidadãos entre 15 e 64 anos estão empregados, o que corresponde a 70% da população ativa.

Esse dado também indica que cada vez mais mulheres estão no mercado e que, devido à reforma do mercado de trabalho conhecida por Hartz IV, antigos desempregados são obrigados a aceitar ocupações com baixos salários.

O mercado de trabalho alemão demonstrou força depois da pior recessão do pós-guerra. No ano passado, cerca de 3,4 milhões pessoas se declararam desempregadas na Alemanha. A taxa de desemprego subiu para 8,2% – 0,8 ponto percentual a mais do que em 2008. Ao mesmo tempo, no ano passado, a economia da Alemanha encolheu 5%.

O fato de o mercado de trabalho ter escapado de uma crise semelhante à da economia real se deve a um recurso específico, o trabalho temporário, que emprega atualmente um milhão de pessoas no país. Tal solução ajuda empresas a passar pela crise sem corte de pessoal.

Regras dificultam demissão

Outro motivo para o desenvolvimento estável do mercado de trabalho é que, na Alemanha, não é tão fácil despedir um funcionário. Uma rescisão de trabalho só é possível sob duas hipóteses, ressalta Werner Eichhorst, especialista em mercado de trabalho do Instituto para o Futuro do Trabalho (IZA).

Uma delas é quando a empresa passa por reestruturação interna ou fechamento. “Também quando a companhia passa por dificuldades, o empregador pode demitir, mas é necessário cumprir as conhecidas regras sociais, principalmente as relacionadas à idade e estado civil”, completa Eichhorst. ”Por outro lado, a demissão também é possível em caso de falhas graves do funcionário.”

Deutschland Industrie Salzgitter AG Mitarbeiter am Hochofen
Ocupação na indústria encolheuFoto: picture-alliance/ dpa

Além dos obstáculos para a demissão, o empregado também goza de proteção social: o empregador é obrigado a pagar metade dos encargos sociais e demais seguros, como seguro-desemprego, seguro-saúde e de atendimento ao idoso. Ou seja, o empregado se beneficia de um sistema amplo de participação empresarial, além do direito às férias pagas, que normalmente são de seis semanas por ano. A média de trabalho semanal é de 38,5 horas. Em 2007, a média de ganho bruto dos profissionais de indústria e setor de serviços foi de 41 mil euros.

Trabalho temporário e terceirizado

Na Alemanha, seis em cada dez funcionários gozam de contrato permanente. Já os com empregos terceirizados têm poucos motivos para comemorar. É o caso da rede de drogarias Schlecker: a empresa foi acusada de despedir os funcionários para, em seguida, contratá-los numa nova Schlecker fundada para empregar trabalhadores terceirizados – e pela metade do salário original.

O contrato temporário existe, na verdade, para cobrir os picos de demanda de trabalho. Contudo, como lembra Werner Eichhorst, o recurso passou a ser largamente utilizado depois da reforma no mercado de trabalho. “É um fenômeno principalmente de indústrias de processamento, como metalúrgicas, indústria elétrica e automobilística, que precisam de funcionários terceirizados por períodos mais longos. E os salários estão abaixo do nível que essas empresas costumam pagar.”

E são essas empresas as primeiras a despedir em momento de crise. A fábrica de aviões Airbus anunciou que, no decorrer do ano, cerca de mil funcionários terceirizados serão desligados da unidade de Hamburgo, na Alemanha.

Previsões pessimistas

Schlecker Filiale
Rede de drogaria SchleckerFoto: AP

Também o número total dos empregados na indústria deve encolher. Em 2008, apenas 22% das vagas eram desse ramo. Ao mesmo tempo, a importância da área de serviços cresce no mercado alemão: quase 75% de toda a força de trabalho do país está empregada nesse setor. Seu desenvolvimento ajudou o mercado de trabalho a aumentar a resistência à crise, de maneira que os cortes na indústria fossem absorvidos por esse setor em expansão.

E para 2010, especialistas e o governo alemão estão menos otimistas. A expectativa governamental é que o número de desempregados atinja cerca de 3,7 milhões de pessoas, ou seja, 8,7% da população ativa.

Autor: Danhong Zhang (np)

Revisão: Carlos Albuquerque