Copom mantém taxa Selic em 13,75% ao ano
4 de maio de 2023O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central decidiu nesta quarta-feira (03/05) manter a taxa básica de juros, a Selic, em 13,75% ao ano, apesar da pressão do governo Luiz Inácio Lula da Silva pela redução da taxa e da apresentação de sua proposta do novo arcabouço fiscal.
A maioria das instituições financeiras e consultorias já esperava que a taxa seria mantida no mesmo patamar, pela sexta reunião seguida do Copom e a terceira desde o início do governo Lula. A Selic está no seu maior nível desde janeiro de 2017.
Em seu comunicado, o Copom menciona "a incerteza ainda presente sobre o desenho final do arcabouço fiscal a ser aprovado pelo Congresso Nacional e, de forma mais relevante para a condução da política monetária, seus impactos sobre as expectativas para as trajetórias da dívida pública e da inflação, e sobre os ativos de risco".
Por outro lado, o Copom cita que a queda no preço das commodities e a possibilidade de uma desaceleração da economia global mais forte do que a esperada poderiam contribuir para a redução da inflação.
O principal objetivo da política de juros do Banco Central é controlar a inflação. Desde maio de 2021, a instituição tem autonomia em relação ao governo, o que significa que Lula não pode demitir seu presidente ou diretores, que têm mandatos de quatros anos.
Para Lula, reduzir a Selic agora seria importante para estimular o consumo e novos investimentos. Para o Banco Central, porém, cortar a taxa agora colocaria em risco a redução da inflação.
Nesta segunda-feira, no feriado do Dia do Trabalho, Lula criticou o atual patamar da taxa Selic: "A gente não pode viver mais num país onde a taxa de juros não controla a inflação. Ela controla, na verdade, o desemprego nesse país, porque ela é a responsável por uma parte da situação em que vivemos hoje", disse.
Em março, a inflação medida pelo IPCA em doze meses foi de 4,65% – dentro da meta para este ano, de 1,75% a 4,75%.
Mas o mais recente Boletim Focus do Banco Central, que capta a percepção de instituições financeiras e consultorias, projeta inflação de 6,05% neste ano, 0,09 ponto percentual acima da projeção de quatro semanas atrás.
bl/lf (ots)