Cor do cabelo: Tribunal dá razão a Schröder
17 de maio de 2002O chanceler federal da Alemanha, Gerhard Schröder, tem um motivo a menos para se preocupar. A agência de notícias ddp (Deutscher Depeschendienst) não tem o direito de continuar divulgando que o cabelo do chefe de governo é tingido, segundo decisão do Tribunal Regional de Hamburgo. Um capítulo está encerrado. Mas pode ser que logo siga o próximo: o advogado da agência anunciou que vai entrar com recurso contra a sentença.
A ação movida por Schröder foi ocasionada por uma entrevista da agência com uma assessora de moda, segundo a qual o chanceler federal teria uma imagem muito mais séria se não tingisse as têmporas grisalhas. O juiz Andreas Buske ressaltou, diante dos numerosos jornalistas que acompanharam o julgamento, que não basta a ddp ter retirado a citação e divulgado uma nota de retificação. A obrigação da agência teria sido certificar-se se a assessora disse aquilo com base em um fato concreto ou apenas em suposições.
"Se uma agência precisar checar até os últimos detalhes cada citação que divulga, então é melhor fechar logo de uma vez as portas", argumenta, por sua vez, o advogado da ddp.
Outras "artes" da imprensa com Schröder
Schröder, que está em Madri participando da 2ª Conferência de Cúpula entre a UE, América Latina e Caribe, não comentou a setença judicial. Mas o porta-voz do governo, Uwe-Karsten Heye, saudou que o Tribunal tenha advertido a imprensa "com veemência".
Acontece que este não é o único caso capaz de deixar Schröder de cabelos brancos. Justamente nesta sexta-feira (17), o diário Süddeutsche Zeitung publicou o anúncio de um fabricante de xampu que mostra o chanceler federal numa montagem, com cabeleira vermelha. "Não esquente: o importante é não ficar careca, Gerhard", diz o texto. Segundo Heye, essa brincadeira não vai ter conseqüências jurídicas.
Mas ele está levando mais a sério a capa da revista Stern desta semana, que mostra Schröder quase nu, com apenas uma folha de figo nas cores vermelho e verde, as da coalizão governamental. Considerando os movimentos de extrema-direita e populistas de direita que se espalham pela Europa, a imprensa deveria ser mais cuidadosa na maneira de lidar com "políticos eleitos democraticamente", adverte o porta-voz.