Pressão internacional
13 de junho de 2009Depois de 14 dias de intensas negociações a portas fechadas, os 15 países que compõem o Conselho de Segurança das Nações Unidas (ONU) aprovaram por unanimidade, na sexta-feira (12/06), a Resolução 1874 da ONU, que amplia as sanções contra o regime de Pyongyang.
A ampliação engloba o endurecimento do embargo de armas e a restrição aos negócios financeiros do governo da Coreia do Norte e de empresas estatais. Além disso, todos os países-membros das ONU ficam autorizados a investigar navios norte-coreanos em alto-mar, caso haja suspeita suficiente de que transportem de armas ou material nuclear.
A resolução das Nações Unidas prevê ainda a proibição de novos testes nucleares por parte da Coreia do Norte, que deverá abdicar comprovadamente de seu programa de armas nucleares.
Após o anúncio do endurecimento das sanções, no entanto, o governo da Coreia do Norte declarou que dará início ao enriquecimento de urânio e que produzirá plutônio para fabricação de armas. Neste sábado, a mídia sul-coreana afirmou que Pyongyang consideraria um bloqueio contra a Coreia do Norte como um "ato beligerante".
Críticas do único parceiro
Com sua anuência à resolução, a China – o único parceiro político e maior parceiro comercial da Coreia do Norte – afasta-se mais uma vez de forma clara do governo do presidente Kim Jong-il. O governo chinês criticou duramente o teste nuclear realizado em 25 de maio último pela Coreia do Norte.
Em declaração divulgada neste sábado através da agência de notícias Xinhua, o porta-voz do Ministério chinês do Exterior afirmou que o programa nuclear da Coreia do Norte "viola resoluções fundamentais do Conselho de Segurança da ONU, compromete a eficácia de mecanismos internacionais para a não proliferação da tecnologia nuclear e, além disso, sepulta a paz e a estabilidade no Nordeste Asiático".
O governo chinês considera as medidas impostas pela ONU contra a Coreia do Norte como "apropriadas e equilibradas". Ao mesmo tempo, Pequim exortou a comunidade internacional a manter um tom moderado com Pyongyang e a respeitar as "preocupações de segurança e os interesses de desenvolvimento" do país.
Reações da comunidade internacional
Através da ampliação das sanções contra a Coreia do Norte, os iniciadores da proposta – Estados Unidos, França, Reino Unido, Japão e Coreia do Norte – quiseram dar um sinal de coesão da comunidade internacional, aumentando assim a pressão sobre a Coreia do Norte.
A representante norte-americana na ONU, Rosemary DiCarlo, saudou a resolução como "robusta e sem precedentes". O vice-embaixador britânico na ONU, Philip Parham, salientou que "a comunidade internacional condenou de forma coesa as atividades da Coreia do Norte".
O Japão exigiu que a Coreia do Norte respeitasse a resolução do Conselho da ONU. Este seria "o único caminho que a Coreia do Norte tem para sobreviver na comunidade internacional", afirmou o porta-voz do governo japonês em Tóquio.
Frank-Walter Steinmeier, ministro alemão das Relações Exteriores, também saudou o endurecimento das sanções da ONU como um "sinal claro de que a comunidade internacional não aceita mais as provocações de Pyongyang", afirmou o ministro alemão nesta sexta-feira.
Novo teste atômico
Assim como outros representantes internacionais, Steinmeier exige que a Coreia do Norte desista de seu programa de armas e mísseis atômicos e que não mais realize testes nucleares. Além disso, o ministro alemão pede que o país retorne à mesa de negociações das assim chamadas "conversas das seis nações", que incluem as duas Coreias, China, Rússia, Japão e Estados Unidos.
O governo sul-coreano também saudou expressamente o endurecimento das sanções da ONU e conclamou a Coreia do Norte a aceitar este recado "claro e explícito" da comunidade internacional.
Na Coreia do Sul e em outros países da região, no entanto, teme-se que o vizinho do norte empreenda novos testes de foguetes e, possivelmente, um novo teste atômico, em resposta à resolução do Conselho de Segurança da ONU.
CA/dpa/afp/dw
Revisão: Augusto Valente