Coreia do Norte ameaça cancelar encontro com Trump
15 de maio de 2018A Coreia do Norte suspendeu uma reunião de alto nível com a Coreia do Sul, programada para a quarta-feira, e ameaçou cancelar o encontro histórico entre o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e o líder norte-coreano, Kim Jong-un, caso Washington não reconsidere o que chamou de "desnuclearização unilateral".
Segundo a agência de notícias sul-coreana Yonhap, a agência de notícias estatal norte-coreana KCNA afirmou nesta terça-feira (15/05) que Pyongyang considera suspender a cúpula com Trump, marcada para 12 de junho em Cingapura.
O encontro entre Kim e Trump seria o primeiro entre líderes dos Estados Unidos e da Coreia do Norte em 70 anos de conflito, que começou com a Guerra da Coreia (1950-1953) e há pelo menos 25 anos é tema de negociações.
"Se os EUA estiverem tentando nos encurralar para forçar nosso abandono nuclear de modo unilateral, não estaremos interessados em dialogar e poderemos apenas reconsiderar nossa posição referente à cúpula entre a República Popular Democrática da Coreia e os EUA", afirmou o vice-ministro norte-coreano do Exterior, Kim Kye-gwan, citado pela KCNA.
"Já declaramos nossa intenção de desnuclearizar a Península da Coreia e deixamos claro em várias ocasiões que a pré-condição para a desnuclearização é o fim das políticas hostis, ameaças nucleares e chantagens dos EUA", afirmou o vice-ministro.
O político norte-coreano rechaçou comentários do assessor de segurança nacional de Trump, John Bolton, que sugeriu que, nos mesmos moldes do que fez a Líbia, a Coreia do Norte rapidamente entregasse seu arsenal nuclear aos Estados Unidos e a outros países.
"Provocação militar intencional"
A decisão de Pyongyang quanto à Coreia do Sul e a ameaça quanto ao encontro com Trump também foram anunciadas em meio a exercícios militares anuais conjuntos de Seul e Washington iniciados na última sexta-feira. A Coreia do Norte considera as manobras militares uma provocação que colocaria em risco os avanços diplomáticos alcançados nos últimos meses.
O encontro desta quarta-feira entre autoridades das duas Coreias estava marcado para ocorrer em Panmunjom, na fronteira entre os dois países, e visava criar condições para negociações mediadas pela Cruz Vermelha Internacional para reduzir a tensão entre as nações vizinhas e reiniciar o processo de reunificação de famílias separadas pela guerra na Península Coreana.
"Esse exercício, do qual somos alvo, que está sendo realizado ao longo da Coreia do Sul, é um desafio flagrante à Declaração de Panmunjom e uma provocação militar intencional que vai contra desenvolvimentos políticos na península coreana", disse a KCNA.
As manobras militares conjuntas entre EUA e Coreia do Sul estão programados para durar duas semanas e contam com a participação de cerca de 100 aviões de guerra.
Apesar das ameaças norte-coreanas, o Departamento de Estado dos EUA afirmou que continua planejando o encontro entre Trump e o líder norte-coreano.
"Kim havia dito anteriormente que entende a necessidade e a utilidade de os Estados Unidos e a Coreia do Sul continuarem com os exercícios conjuntos", destacou a porta-voz do departamento Heather Nauert.
Os anúncios da Coreia do Norte foram feitos após a divulgação de imagens de satélite que revelaram que Pyongyang começou a desmantelar o centro de testes nucleares Punggye-ri, no nordeste do país. No local, foram realizados seis testes nucleares subterrâneos. O último e mais potente ocorreu em setembro do ano passado.
No final de abril, durante o encontro histórico entre Kim e o presidente da Coreia do Sul, Moon Jae-in, Pyongyang se comprometeu a trabalhar para a desnuclearização da Península da Coreia, além de encerrar os testes de mísseis.
CN/RC/rtr/ap/lusa
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