Coreia do Norte faz teste de mísseis, e Biden minimiza
24 de março de 2021A Coreia do Norte disparou dois mísseis de curto alcance no fim de semana, conforme relataram autoridades americanas e sul-coreanas, no primeiro teste de mísseis norte-coreanos durante o governo de Joe Biden. O presidente dos Estados Unidos, contudo, minimizou os lançamentos, disse que foram "costumeiros" e garantiu que o diálogo com Pyongyang ainda segue aberto.
Segundo o Estado-Maior Conjunto da Coreia do Sul (JCS), dois mísseis de cruzeiro foram disparados da cidade de Onchon, na costa oeste da Coreia do Norte, na manhã de domingo (21/03). Uma autoridade do JCS relatou que a Coreia do Sul havia detectado sinais de um teste iminente e passou a monitorá-lo em tempo real.
Quando questionado por repórteres se o teste foi uma provocação do país asiático, Biden negou e afirmou que "nada mudou muito" com o novo lançamento. "Não [foi uma provocação]. De acordo com o Departamento de Defesa é costumeiro. Não há nenhuma novidade no que eles fizeram", disse o líder americano.
Um funcionário do alto escalão do governo Biden afirmou a repórteres que o teste esteve "na extremidade inferior do espectro" de ações norte-coreanas, e nada se parecem com os testes de armas nucleares ou lançamentos de mísseis balísticos intercontinentais com os quais Pyongyang anteriormente ameaçou Washington.
"É uma prática comum da Coreia do Norte testar vários sistemas", disse o funcionário. "Não respondemos a todos os tipos de teste."
O Pentágono, por sua vez, se recusou a comentar sobre os testes. A missão para a Coreia do Norte nas Nações Unidas também não reagiu a um pedido de comentário.
A resposta da China foi pragmática. "Pedimos a todas as partes que continuem o diálogo e as consultas, trabalhem juntos para manter a situação calma", limitou-se a dizer a porta-voz do Ministério das Relações Exteriores chinês, Hua Chunying.
Diálogos entre EUA e Coreia do Norte
Os lançamentos de domingo foram o primeiro teste de armas publicamente conhecido da Coreia do Norte desde que Biden assumiu a presidência americana, em 20 de janeiro.
Eles ocorreram depois de Pyongyang ter criticado os EUA e a Coreia do Sul por conduzirem exercícios militares conjuntos, e também num momento em que o governo Biden segue tentando fazer contato com o regime norte-coreano.
Na semana passada, o secretário de Estado americano, Antony Blinken, prometeu trabalhar na desnuclearização da Coreia do Norte e criticou seus abusos "sistêmicos e generalizados" dos direitos humanos. Blinken fez tais comentários durante uma visita a Seul com o secretário de Defesa americano, Lloyd Austin.
Funcionários do governo dos EUA relataram que a revisão da política da Casa Branca sobre a Coreia do Norte está em seus "estágios finais" e que será discutida na próxima semana, quando Washington receber os assessores de segurança nacional dos aliados Japão e Coreia do Sul.
Os funcionários relataram também que houve "muito pouco diálogo ou interação" com a Coreia do Norte desde uma cúpula fracassada entre o ex-presidente Donald Trump e o líder norte-coreano Kim Jon-un, em Hanói, em fevereiro de 2019. Mas eles não consideram os testes recentes como "um fechamento de portas" para conversações.
A Coreia do Norte se recusou a se envolver nas repetidas aberturas diplomáticas dos EUA nos bastidores desde meados de fevereiro. Pyongyang tem classificado tais tentativas de "truque barato".
Programas nuclear e de mísseis norte-coreano
A Coreia do Norte continuou a desenvolver seus programas nuclear e de mísseis ao longo de 2020, uma violação às sanções estipuladas pela ONU em 2006. Segundo monitores independentes sobre sanções da ONU, os programas balísticos de Pyongyang receberam a ajuda financeira de cerca de 30 milhões de dólares roubados por meio de ataques cibernéticos.
A Coreia do Norte não testa uma arma nuclear ou um míssil balístico intercontinental (ICBM) desde 2017, mas conduziu vários testes de mísseis de menor alcance após o colapso da cúpula de Hanói. O governo Trump também minimizava tais testes.
pv/ek (Reuters, AFP, ots)