Coronavírus provoca corrida aos supermercados alemães
1 de março de 2020A disseminação do coronavírus – que já afeta pelo menos 65 países – tem levado muitos alemães a estocar alimentos.
Na sexta-feira (28/02), uma porta-voz de uma das maiores redes de supermercados do país, a Rewe, disse à DW que, apesar de a empresa não ter registrado qualquer sinal de pânico no início da semana, a situação mudou rapidamente nos últimos dias.
"Percebemos um aumento nas compras de alimentos e enlatados em todo o país. Estamos nos adaptando de acordo", disse Kristina Schütz, do grupo Rewe, que tem sede em Colônia e que administra ainda as redes de supermercados Penny e Nahkauf.
A cadeia de descontos Lidl também registrou um aumento de movimento semelhante em suas lojas. "Estamos percebendo um aumento nas vendas em determinadas regiões e lojas", disse um porta-voz. Segundo as redes, os alemães estão estocando alimentos não perecíveis e enlatados, massas, bem como papel higiênico e desinfetantes.
O que as autoridades recomendam?
Há quatro anos, o Escritório Federal de Proteção Civil e Assistência a Desastres (BBK), com sede em Bonn, publicou uma lista de alimentos não pereciveis e de recomendações sobre o armazenamento de estoques para emergências.
O BBK, que conta com cerca de 300 funcionários públicos, educa a população sobre como se preparar para as crises. Aconselha ainda os alemães a armazenar alimentos e bebidas por cerca de dez dias.
Especificamente, a lista aponta que uma pessoa precisa consumir 14 litros de líquidos por semana e recomenda estocar água mineral e suco de frutas em particular. Mesmo assim, o BBK alerta contra as compras motivadas pelo pânico, aconselhando os alemães a armazenar apenas alimentos e bebidas "que você e sua família consumiriam de qualquer maneira".
O BKK também sugere estocar alimentos que permaneçam consumíveis por muito tempo sem a necessidade de refrigeração. Também aponta a necessidade de prestar atenção às datas de validade e marcar quando os itens foram comprados, caso eles não tenham datas impressas. Aconselha também os alemães a "armazenar itens alimentares recém-comprados na parte de trás do armário, para que você consuma itens antigos primeiro".
Esta lista de verificação de emergência abrangente não passou despercebida no exterior. O jornal búlgaro 24 Tschassa, por exemplo, elogiou o conselho das autoridades alemãs, afirmando que, na maioria dos casos, "os consumidores acumulam todos os tipos de produtos – sem uma ideia adequada de quanto tempo eles serão úteis ou se serão necessários."
O jornal disse que aderir à lista de verificação alemã "é uma boa ideia, pois não faz sentido comprar quantidades excessivas de suprimentos".
O risco de alimentar o pânico
Enquanto muitos especialistas na Alemanha concordam que a lista é útil, eles também alertam simultaneamente contra a histeria. Até agora, a Alemanha confirmou 117 casos de coronavírus, com 16 pacientes já se recuperando e nenhuma morte registrada. Mais da metade dos casos está concentrada na Renânia do Norte-Vestfália, o estado mais populoso do país.
A Associação Alemã de Jornalistas (DJV) também enfatiza que os meios de comunicação devem evitar alimentar o medo. Consequentemente, o chefe da DJV, Frank Überall, declarou que "as pessoas precisam de informações claras e conselhos" para entender a situação.
Ele pediu aos jornalistas que fiquem atentos ao código de imprensa alemão, que recomenda "evitar um tom inapropriadamente sensacionalista ao reportar questões médicas, pois isso pode dar origem a medos ou esperanças infundadas".
O código da imprensa também afirma que "alimentar o medo e a histeria é incompatível com o jornalismo responsável".
Na última sexta-feira, o ministro da Saúde da Alemanha, Jens Spahn, já havia advertido sobre o risco de causar pânico desnecessário. "Nem toda tosse é um caso de um coronavírus", disse, acrescentando que o país está bem preparado para lidar com uma epidemia.
JPS/ots
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