Cresce na Alemanha interesse pelo cinema da América Latina
29 de abril de 2002O filme latino-americano encontra interesse crescente na Alemanha. Esta é a opinião dos organizadores do festival CineLatino, que se realizou em quatro cidades do sul do país, terminando nesta segunda-feira (29). Segundo seu diretor artístico, Paulo Roberto de Carvalho, a nona edição do festival contou com dez mil espectadores, 40% mais do que no ano passado. Desta vez, o país focalizado foi o Chile.
Carvalho lembrou que existe uma nova geração de cineastas latino-americanos que viveu, como criança, o fim de uma ditadura, ou nasceu logo depois disto. Em vez de se ocupar do passado, esses cineastas falam de seu presente, seu país e seu mundo. Entre os temas mais ocorrentes estão a falta de perspectivas, o medo do futuro, a violência e a corrupção.
O espectro de estilos cinematográficos é atualmente mais amplo do que na época do Cinema Novo e das décadas seguintes: "Hoje se vê claramente como são distintos os filmes brasileiros, mexicanos e argentinos", explicou Carvalho, "eles são políticos, socialmente críticos, porém não falam a mesma linguagem estética".
O CineLatino optou por uma mistura de filmes de público e outros intelectualmente mais exigentes, de autor. "Queremos mostrar que a cultura latino-americana não é apenas dança, música e divertimento", enfatizou o diretor artístico. Para os freqüentadores do festival é tão importante ter filmes novos e premiados quanto a conversa com atores e diretores.
Carvalho quer incentivar as distribuidoras alemãs a incluírem mais películas da América Latina nas suas programações. Apesar do otimismo dos organizadores, das 20 obras exibidas nestas duas semanas, poucas encontraram o caminho para as salas de exibição alemãs, entre as quais Moro no Brasil, de Mika Kaurismäki e Táxi, uma Noite em Buenos Aires, de Gabriela David. Para 2003, ainda não se sabe qual o país-foco, porém o tema central já foi escolhido: "Cinema e Literatura".