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Cresce na Alemanha medo do islamismo

Peter Philipp (sm)19 de setembro de 2004

Más notícias para todo mundo que se empenha num diálogo intercultural na Alemanha: uma enquete representativa revelou que os alemães temem o Islã em geral e uma "luta de culturas".

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Na Alemanha, Islã é sinônimo de terrorismoFoto: AP

A imagem do islamismo na sociedade alemã é assustadoramente negativa. Isso foi o que revelou uma pesquisa encomendada pelo diário Frankfurter Allgemeine Zeitung ao instituto de pesquisa de opinião pública Allensbach. De acordo com a enquete, 93% dos entrevistados associam islamismo com "opressão à mulher", 83% com terrorismo e 82% com "fanatismo e radicalismo", sendo que 62% qualificam os muçulmanos de "retrógrados". Os números se elevaram drasticamente desde o ato de terror que culminou com um banho de sangue numa escola da cidade russa de Beslan.

Terror na Rússia acirra conflito

Para Thomas Petersen, um dos elaboradores da pesquisa, isso é sinal de que os alemães devem ter acompanhado os recentes acontecimentos no Cáucaso com grande repulsa. O temor de que o mesmo possa vir a acontecer na Alemanha ainda não é representativo, na avaliação de Petersen. No entanto, a associação entre islamismo e terrorismo se arraiga cada vez mais na consciência das pessoas.

Desde o 11 de setembro, houve uma mudança radical da imagem do Islã na Europa. Apesar de todas as guerras seculares, o mundo islâmico sempre exerceu grande fascinação sobre o Ocidente. Sejam as construções góticas, seja a "mesquita do tabaco" em Dresden, um edifício industrial em estilo oriental construído em 1907, seja o "mouro da Sarotti", popular símbolo de uma fábrica de chocolate alemã, o fascínio pelo Oriente islâmico faz parte do imaginário popular na Alemanha. No entanto, esta imagem perdeu a força para o tema terrorismo.

Na opinião de Petersen, isso marca o acirramento de um conflito psicológico, seguido de uma ruptura significativa que conduz da fascinação para a ameaça. Antes do ato de terror de Beslan, 44% dos entrevistados se referiam a uma "guerra das culturas", mas 35% negavam uma tendência neste sentido. Após o ataque à escola russa, estes índices mudaram para 62% e 25%, respectivamente.

Quanto menor o contato, maior o medo

Um crescente número de alemães defende mecanismos de controle mais rigorosos e, em último caso, um tratamento mais rígido de suspeitos de fundamentalismo islâmico, mesmo que isso venha a implicar a limitação dos direitos individuais. Thomas Petersen adverte, no entanto, deste tipo de atitude. A fim de evitar que este conflito afete a convivência social na Alemanha, a única solução seria a comunicação, o contato pessoal entre as comunidades islâmicas e não-islâmicas, opina Petersen.

Quanto à propagação do medo de outras culturas, continua valendo a regra de que o preconceito sempre é maior em regiões onde o contato com outras culturas é limitado. Nas áreas de concentração de imigrantes turcos, onde existe um contato direto com muçulmanos, o medo do islamismo é bem menor.