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Alemães se opõem à política financeira da zona do euro

15 de julho de 2012

Aumenta a resistência contra o mecanismo de estabilização do euro e o pacto fiscal. Signatários de ação constitucional na Alemanha já alcança 30 mil, revelando ceticismo quanto à moeda comum e à democracia.

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Baden-Wuerttemberg/ Ein von Demonstranten aufgestellter Trauerkranz und ein Grabstein mit der Aufschrift "Hier ruht: Grundgesetz der BRD" stehen am Dienstag (10.07.12) in Karlsruhe am Rande des Verhandlungsbeginns des Bundesverfassungsgerichts ueber mehrere Eilantraege gegen die am 29. Juni vom Bundestag beschlossenen Zustimmungsgesetze zum dauerhaften Euro-Rettungsschirm (ESM) und zum Fiskalpakt, der den Euro-Staaten mehr Haushaltsdisziplin auferlegt, vor dem Eingang zum Gericht. Nach dem Willen der Klaeger soll das Verfassungsgericht dem Bundespraesidenten vorerst untersagen, diese Gesetze zu unterzeichnen. (zu dapd Text) Foto: Ronald Wittek/dapd
Foto: Ronald Wittek/dapd

A procura pelo site Mehr Demokratie e.V. (Associação Mais Democracia) é enorme. Nos últimos dias, o nível de participação tem sido altíssimo. No final de junho, havia mais de 12 mil queixosos, duas semanas mais tarde já eram quase 30 mil a apoiar as ações constitucionais contra o Mecanismo Europeu de Estabilidade (MEE) e o pacto fiscal.

"Não somos os primeiros, nem os mais bem-sucedidos – ainda. A ação contra o armazenamento de dados contou com 35 mil participantes. Mas queremos ir ainda mais longe", comenta Michael Efler, porta-voz da Mehr Demokratie. Há anos a associação se ocupa de questões relativas à integração europeia e à democratização da UE.

Berlim se curva a Bruxelas?

Enquanto o MEE se propõe como "paraquedas" permanente para os Estados da zona do euro – comprometendo os signatários a disponibilizar um total de 700 bilhões de euros –, o pacto fiscal tem como meta submeter todos os países envolvidos a uma disciplina orçamentária mais rígida.

"São medidas corretas para uma Europa forte, para um euro forte", assegurou o ministro alemão da Economia, Philipp Rösler, nesta sexta-feira (13/07) à emissora Deutschlandfunk. Ele expressa assim os pensamentos dos adeptos de ambos os mecanismos em seu país, inclusive da premiê Angela Merkel e do ministro das Finanças Wolfgang Schäuble – todos da coalizão de governo.

Ministro das Finanças Philipp Rösler
Ministro das Finanças Philipp RöslerFoto: dapd

Do ponto de vista da Mehr Demokratie, no entanto, ambos os acordos interferem demais na autonomia orçamentária do Parlamento alemão, transferindo competências de Berlim para Bruxelas. Tal transferência exigiria uma emenda da Lei Fundamental, e para tal a associação exige um plebiscito. Por isso, ela apresentou as ações constitucionais, com o apoio de personalidades de peso, como a ex-ministra da Justiça Herta Däubler-Gmelin, social-democrata.

Protesto em forma tradicional

Quem quer, pode participar. "Não assim tão fácil como no Facebook. De forma tradicional, é preciso imprimir, preencher e assinar um documento", explica Michael Efler. Trata-se de uma procuração para os representantes no processo: com sua assinatura pessoal, o queixoso lhe confere poderes para representá-lo diante do Tribunal Constitucional de Karlsruhe. "Procurações com assinatura eletrônica não são válidas em juízo", observa Efler.

Michael Efler e sua associação querem "mais democracia"
Michael Efler e sua associação querem "mais democracia"Foto: Mehr Demokratie e.V.

Como não se trata meramente de expressar descontentamento com decisões políticas, essa forma de objetar juridicamente é bem prática, considera o porta-voz. "A matéria é altamente complexa. É preciso provar juridicamente que aqui houve uma violação da Lei Fundamental. Precisa-se do apoio de especialistas, mesmo que qualquer pessoa possa apresentar queixa perante o Tribunal Constitucional Federal."

Descrença na democracia e no euro

Há mais de quatro anos, a crise de endividamento na zona do euro é onipresente, muitos Estados lutam contra seus efeitos e a mídia noticia incessantemente a esse respeito. Segundo a enquete Politbarometer da última sexta-feira (13/07), mais da metade dos alemães considera, de longe, a crise do euro e das dívidas como o tema político mais importante do momento.

Tal interesse aliou-se agora a um ceticismo em relação ao euro, já latente em muitos cidadãos alemães, desde o abandono do marco em favor da moeda única europeia. E agora que esta ameaça resvalar, seus críticos sentem confirmadas suas advertências.

Some-se a isso, ainda, uma insatisfação generalizada com a democracia. "A sensação é a de que o cidadão não participa, mas serve de espectador, enquanto os governos decidem sozinhos, movidos pelos mercados financeiros", define o porta-voz da Mehr Demokratie. Em sua opinião, estes são os motivos pelos quais cada vez mais gente apoia as ações constitucionais.

Audiência no Tribunal Federal Constitucional
Audiência no Tribunal Constitucional FederalFoto: Ronald Wittek/dapd

Autoria: Daphne Grathwohl (av)
Revisão: Soraia Vilela