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Crescem apelos por renda básica universal na Alemanha

19 de maio de 2020

Além de pedido feito por dezenas de organizações e intelectuais, mais de um milhão de pessoas assinam petições a favor de renda mínima incondicional. Especialista se diz cético de que medida venha ser implementada.

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Em meio à crise do coronavírus, pessoas aguardam para receber marmita, roupas e alimentos em Hamburgo
Em meio à crise do coronavírus, pessoas aguardam para receber marmita, roupas e alimentos em HamburgoFoto: picture-alliance/dpa/C. Charisius

Mais de 20 organizações e 160 personalidades da cultura, política, de igrejas e da sociedade civil lançaram uma apelo, nesta terça-feira (19/05), por um sério debate sobre a introdução de uma renda básica incondicional na Alemanha.

Na crise da covid-19, a doença causada pelo novo coronavírus, fica claro que as medidas econômicas e sociais adotadas para amenizar as consequências da pandemia não levaram até agora a uma renda segura para todas as pessoas, diz o apelo, divulgado na internet. Uma renda concedida incondicionalmente asseguraria a todos o necessário para sua sobrevivência e os tornaria aptos a participar da sociedade, afirma o pedido.

Entre os signatários e signatárias do apelo estão Stephan Lessenich, professor de Sociologia da Universidade Luís Maximiliano de Munique (LMU); Christin Lahr, professora de Arte Midiática na Universidade de Artes Gráficas em Leipzig; e Katja Kipping, copresidente do partido A Esquerda.

De acordo com a Netzwerk Grundeinkommen (Rede Renda Básica), nas últimas semanas, mais de um milhão de pessoas na Alemanha assinaram petições a favor de uma renda básica durante a crise de covid-19.

Uma das petições propõe, por exemplo, uma renda básica incondicional entre 800 e 1.200 euros por pessoa (5 mil a 7,5 mil reais), por um período de seis meses, para todo cidadão na Alemanha. A renda deveria servir como um subsídio para as muitas pessoas que perderam seu sustento durante a crise de covid-19.

"Não há forma melhor de testar o conceito de renda básica ‒ a maior oportunidade está na crise", diz a designerin Tonia Merz, iniciadora da petição no site change.org, que já conta com quase 470 mil assinaturas.

Petições online em plataformas independentes não são juridicamente vinculativas para o comitê parlamentar de petições. O especialista em ética social Franz Segbers apelou aos políticos, no entanto, para "que levem a sério a vontade declarada de tantas pessoas por uma garantia social incondicional".

Em entrevista ao jornal Tagesspiegel, Markus Helfen, professor de Economia na Universidade Livre de Berlim, diz não acreditar que a petição de Tonia Merz leve o governo alemão a introduzir a renda básica. O especialista em economia do mercado de trabalho afirmou ao diário berlinense: "A renda básica incondicional é um tema para pesquisas futuras. Sou muito a favor de discutir isso."

Segundo Helfen, atualmente, existe uma polarização no mercado de trabalho do país. "Estão crescendo o setor de baixos salários e o setor de serviços altamente qualificados", disse o especialista.

"Uma renda básica incondicional não corresponde às condições atuais no mercado de trabalho, mas se essa polarização continuar, será preciso discutir a renda básica e abordagens complementares", afirmou Helfen ao jornal berlinense.

CA/epd/ots

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