Crise do caso Skripal já atinge mais de 300 funcionários
31 de março de 2018O governo russo endurece suas sanções diplomáticas contra o Reino Unido: a embaixada britânica em Moscou terá que reduzir seu pessoal em mais de 50 funcionários, comunicou neste sábado (31/03) o Ministério russo do Exterior.
Segundo a porta-voz Maria Sakhrova, a medida visa que as despensas sejam reciprocamente equiparadas, e no momento "o lado britânico tem mais de 50 pessoas a mais".
Os funcionários excedentes terão um mês para deixar a Rússia. Londres é quem decide quais representantes de seu serviço diplomático ou técnico vai retirar. Pouco antes Moscou, declarara 23 britânicos personae non gratae em seu território.
A crise diplomática em torno do envenenamento do ex-espião Sergei Skripal e de sua filha Yulia, em 4 de março, já acarretou, ao todo, a ordem de expulsão para cerca de 300 diplomatas, segundo cálculos da agência de notícias francesa AFP.
Rússia quer visitar Yulia Skripal
O Reino Unido está estudando um pedido dos serviços consulares russos para terem acesso a Yulia Skripal, que foi envenenada no início de março na cidade de Salisbury, no sul de Inglaterra.
Um porta-voz do Ministério do Exterior britânico declarou que os pedidos de acesso consular estão sendo analisados "de acordo com nossas obrigações, em conformidade com as leis internacionais e nacionais, incluindo a vontade da própria Yulia Skripal".
Após a tentativa de envenenamento, envolvendo o composto químico Novichok, a filha do ex-agente duplo Sergei ainda está internada no hospital de Salisbury, mas desde 29 de março consciente e já conseguindo falar, de acordo com a emissora britânica BBC.
União Europeia solidária
Em 14 de março, o Reino Unido anunciou a expulsão de 23 diplomatas russos. Desde então, a manobra diplomática foi seguida nos últimos dias por diversos países e pela Otan, afetando mais de 150 membros de representações diplomáticas da Rússia em dezenas de países.
Na última sexta-feira, o Ministério do Exterior da Rússia chamou os embaixadores de 23 países para anunciar que receberiam retaliação idêntica à decretada por seus governos. Esta é considerada a maior onda de expulsões diplomáticas da história.
Só nos Estados Unidos, 60 funcionários russos terão de abandonar o país, anunciou a Casa Branca, na "maior expulsão" do gênero, segundo um alto funcionário do governo Donald Trump. O consulado russo em Seattle também será fechado. Em resposta, a Rússia declarou 60 diplomatas e funcionários americanos personae non gratae e fechou o consulado dos EUA em São Petersburgo.
Na União Europeia, 18 países seguiram os procedimentos de Londres: Alemanha, França, Polônia, com quatro expulsões, cada uma; Lituânia, República Tcheca, com três; Dinamarca, Espanha, Holanda, Itália, com duas; Bélgica, Croácia, Estônia, Finlândia, Hungria, Letônia, Romênia, Suécia, com uma expulsão, respectivamente.
Portugal foi um dos países que, juntamente com a Bulgária, Eslováquia, Luxemburgo e Malta, chamaram embaixadores para conversações, mas não expulsaram diplomatas russos.
O presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk, sublinhou que "medidas adicionais, incluindo novas expulsões, não estão excluídas nos próximos dias e semanas".
Para além da UE
Segundo o secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg, sua organização, com sede em Bruxelas, vai retirar as credenciais a sete diplomatas russos e rejeitar o pedido de três novas credenciais.
A Ucrânia anunciou a expulsão de 13 diplomatas russos, "em espírito de solidariedade" com os parceiros britânicos e os aliados transatlânticos, e em coordenação com os países-membros da UE.
O Canadá decidiu expulsar quatro diplomatas, tendo também rejeitado três pedidos de pessoal diplomático adicional por parte do governo russo.
A República da Moldávia ordenou a expulsão de três diplomatas russos; a Albânia e Austrália, de dois russos; enquanto Noruega, Montenegro e Macedônia expulsaram um diplomata russo.
Em seguida aos comunicados por esses países, a Rússia anunciou que retaliaria proporcionalmente. Moscou criticou, ainda, as medidas tomadas por Londres "sem provas", reafirmando sua inocência no emprego de Novichok para envenenar Skripal e sua filha na cidade de Salisbury, no sul da Inglaterra.
AV/afp,lusa,rtr,dpa