Crise na Volkswagen do Brasil repercute na Alemanha
1 de setembro de 2006
"Volks quer dar férias coletivas aos brasileiros" é a manchete do diário econômico Handelsblatt, nesta quinta-feira (1º/09). O jornal destaca o conflito entre a Volkswagen do Brasil e seus operários, que entraram em greve para protestar contra demissões. A ameaça de dar férias coletivas de 18 a 27 de setembro aos funcionários de três fábricas seria apenas uma "medida preventiva", para o caso de não haver acordo nas negociações com os sindicatos, informou a montadora.
Entre as causas do conflito, o Handelsblatt aponta também falhas da empresa. "A Volkswagen do Brasil sofre com a valorização do real, que encarece as exportações, e o aumento dos preços das matérias-primas. Além disso, a montadora cometeu erros: desenvolveu modelos à mercê do mercado e deu garantia de emprego, o que tornou impossível reagir à queda da demanda. Isso afundou a empresa no prejuízo."
A versão online da revista Der Spiegel destaca a briga política decorrente da crise empresarial. Sob o título "Presidente da República ataca VW", o site cita a frase que Lula teria dito em entrevista à Rede Globo: "A Volkswagen fez um projeto a mais que não deu certo e essa é a razão do problema. Se a firma cometeu um erro, ela tem de pagar por isso".
"Presidente brasileiro culpa a Volks pela crise", noticiou o Frankfurter Allgemeine Zeitung. A Volkswagen anunciou que, no âmbito de uma reestruturação da empresa, pretende cortar um total de 6 mil dos seus 22 mil postos de trabalho no Brasil até 2008. Nesta quinta-feira (31/08), ela comunicou a demissão de 1800 funcionários a partir de 21 de novembro. Há três anos, a montadora demitira 4 mil empregados, depois de haver superestimado sua capacidade de produção.
No início desta semana, a decisão do BNDS, de bloquear créditos no valor de 497 milhões de reais (cerca de 181 milhões de euros) a Volks, até que haja uma solução para a crise, também foi noticiada pelos principais jornais da Alemanha. "Brasil fecha a torneira da Volks na briga por corte de pessoal", foi a manchete mais repetida na imprensa alemã.