Crise
19 de outubro de 2008O encontro entre Nicolas Sarkozy (presidente da França, que ocupa a atual presidência rotativa da UE), José Manuel Barroso, (presidente da Comissão Européia) e o presidente norte-americano, George W. Bush, em Camp David (EUA) no último sábado (18/10) terminou com um comunicado principal: o agendamento de vários encontros de cúpula para um futuro próximo, a fim de que se encontre uma solução para a crise do sistema financeiro internacional.
Decisões "legítimas e universais"
Para a organização da série de cúpulas financeiras, os representantes da UE e dos EUA deverão se reunir, em breve, com outros chefes de Estado e governo, inclusive de países em desenvolvimento. Um dos objetivos será determinar as "diretrizes de uma reforma", que terá por meta impedir acontecimentos semelhantes aos das últimas semanas no mercado financeiro.
Em encontros posteriores, serão definidos os passos a serem dados, a fim de que as reformas sejam realmente implementadas. O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, sugeriu em documento enviado a Sarkozy que essas cúpulas sejam realizadas na sede das Nações Unidas, em Nova York. A idéia é fazer com que os encontros ganhem, desta forma, maior "legitimidade universal", aponta Ban Ki-moon.
Modelo no passado
Os encontros deverão contar, sem dúvida, com a presença de representantes dos países em desenvolvimento. Entre outros, para que haja, em relação às medidas a serem estabelecidas, "uma ampla aceitação" da planejada nova ordem. "Vamos trabalhar juntos, a fim de fortalecer e modernizar os sistemas financeiros dos nossos Estados, para que uma crise dessas não venha a ocorrer de novo", afirmou Bush.
A idéia de uma cúpula financeira mundial não é de todo nova. Em Bretton Woods, no estado norte-americano de New Hampshire, o dólar foi escolhido em 1944, num encontro com a presença de representantes de várias nações, como moeda base do sistema financeiro internacional, com câmbios fixos em relação a outras moedas.
Capitalismo de roupa nova?
Tanto Bush quanto Sarkozy alertaram para o risco de a economia mundial cair nas armadilhas do protecionismo. O presidente norte-americano ressaltou a necessidade de garantir "os fundamentos do capitalismo democrático", que são, em sua opinião, o comércio livre, o mercado livre e o empresariado livre.
O presidente francês apontou, por outro lado, para a necessidade de regular os mercados financeiros, impondo ao setor reformas profundas. Trata-se, apontou Sarkozy, da construção do "capitalismo do futuro".
De acordo com ele, "os fundos de hedge não podem continuar operando como fizeram no passado. O mesmo a dizer dos oásis fiscais e de instituições financeiras que não são passíveis de qualquer tipo de controle. Isso não é mais tolerável, não será mais possível". Segundo o presidente francês, "este tipo de capitalismo é um engodo em relação ao tipo de capitalismo no qual acreditamos".