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Dívidas deixam futuro do "Dinossauro da Bundesliga" incerto

Philip Verminnen19 de maio de 2014

Permanência na primeira divisão levou alívio ao Hamburgo. Mas disputas políticas, dívidas de 100 milhões de euros e saída de jogadores indicam que problemas no único time alemão que jamais foi rebaixado continuarão.

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Fußball Bundesliga FC Augsburg gegen Hamburger SV
Foto: picture-alliance/dpa

Na última rodada da Bundesliga, no domingo (11/05), o técnico do Hamburgo, Mirko Slomka, substituiu Pierre-Michel Lasogga a fim de preservar o atacante para as duas partidas da repescagem contra o terceiro colocado da segunda divisão, Greuther Fürth.

Lasogga é a principal força ofensiva no elenco, mas sofreu com constantes problemas musculares durante a temporada. A aposta tática se mostrou acertada. Um único gol de Lasogga, aliado às excelentes atuações do goleiro reserva Jaroslav Drobný, mantiveram o Hamburgo na Primeira Divisão do Campeonato Alemão.

Com os dois empates – 0 a 0 em Hamburgo e 1 a 1 na Baviera – o clube mantém a tradição de ser o único a ter disputado todas as 51 temporadas da Bundesliga, sem nunca ter sido rebaixado. O cofundador da Bundesliga se safou do rebaixamento graças à regra do gol fora de casa. Depois de uma temporada catastrófica, com apenas 27 pontos em 34 partidas, a defesa mais vazada do campeonato (75 gols) sofridos, e impressionantes 19 rodadas entre os três últimos colocados na tabela de classificação, o Hamburgo respira aliviado – ao menos por enquanto.

"Estou em outro planeta. Mais uma temporada que nem essa eu não suporto. Se não corro o risco de cometer suicídio. Nós tivemos muita sorte, que depois de uma temporada tão horrível não fomos rebaixados. Eu me alegro mais pelos nossos torcedores. Eles mereceram", declarou o capitão da equipe, Heiko Westermann.

SpVgg Greuther Fürth vs. Hamburger SV
Lasogga cabeceia para abrir o placar em Fürth. É o gol que mantêm o Hamburgo na primeira divisãoFoto: Getty Images

"Estamos muito felizes. Foi um parto e tanto. Alguns disseram que é constrangedor poder jogar a repescagem com 27 pontos. Mas eu não me importo", disse um aliviado Oliver Kreuzer, diretor esportivo do Hamburgo, depois da partida.

"Entre as decisões possíveis, essa definitivamente foi a mais apertada. Mas a nova temporada começa na segunda-feira. As perspectivas são muito boas. O Hamburgo tem um ótimo ambiente. Mas precisamos de uma nova organização e de novos jogadores para que a próxima temporada não termine como a atual", alertou Slomka. O treinador esteve em situação semelhante em 2010, quando salvou o Hannover do rebaixamento.

Dívidas e briga política

Mas o futuro do "Dino" da Bundesliga é incerto. Politicamente o clube está um caos. Entre os principais problemas está uma dívida de quase 100 milhões de euros. Até o final de junho, o clube precisa dar garantias financeiras para não correr o risco de não receber a licença da DFL (Liga do Futebol Alemão, em tradução livre), que rege o futebol profissional na Alemanha, para disputar a Bundesliga.

Muitas decisões dependem dos resultados da assembleia dos sócios no próximo domingo (25/05). De um lado a iniciativa HSVPlus planeja desmembrar o futebol profissional do clube e abrir o departamento para investidores. O milionário Klaus-Michael Kühne, acionista majoritário de uma empresa de logística, entraria com o dinheiro, e o ex-jogador do Hamburgo e hoje diretor esportivo do Zenit St. Petersburg, Dietmar Beiersdorfer, seria o novo presidente do clube. Para tal, a HSVPlus necessita de dois terços dos votos.

Porém, nos bastidores há uma forte campanha contra o HSVPlus. Membros do conselho fiscal, ex-jogadores, presidentes e membros do conselho de honra criaram a HSV-Allianz e querem evitar que o clube caia nas mãos de um acionista.

Initiative HSV-Allianz
A aliança HSV-Allianz quer evitar que o clube caia em mãos de acionista majoritário e que mude nos estatutos o direito de voto do sóciosFoto: picture-alliance/dpa

As brigas políticas dificultam definir os membros da direção do clube para a próxima temporada. O chefe executivo do clube, Carl E. Jarchow, e o diretor esportivo, Oliver Kreuzer, não continuariam caso a HSVPlus vença as eleições. Do contrário, o diretor de marketing, Joachim Hilke, estaria desempregado caso a HSV-Allianz conquiste a maioria no plenário.

Contratos expirando

Indecisões que paralisam o Hamburgo e dificultam o planejamento com elenco, comissão técnica, entre outros. O salvador da pátria, Lasogga, estava no Hamburgo por empréstimo e vai voltar ao Hertha BSC Berlin. Os contratos dos volantes Tomás Rincon e Robert Tesche terminam no mês que vem. E alguns dos principais jogadores têm contrato apenas até metade de 2015: Raffael van der Vaart, Heiko Westermann, Marcell Jansen, Tolgay Arslan, Michael Mancienne, Jaroslav Drobný, Milan Badelj e Ivo Ilicevic. Se n]ao renovarem, esses atletas estarão livres para assinar com outro clube já no final deste ano, sem que o Hamburgo receba um centavo sequer.

E a promessa Hakan Çalhanoğlu, autor de 11 gols na temporada e com contrato até 2018, pode estar de saída para o Bayer Leverkusen. Segundo a mídia alemã, o Leverkusen teria oferecido 12 milhões pelo jovem meia-atacante. "O Bayer é um clube que joga os torneios continentais. E nós pensamos a médio e longo prazo. E jogar a Liga dos Campeões é o próximo passo", disse Bektas Demirtas, empresário de Çalhanoğlu.

O presidente Jarchow obviamente não quer liberar o atleta, mas ele também sabe que o Hamburgo precisa, e muito, desse dinheiro no momento. Também porque a classificação final no campeonato define o montante de dinheiro dos direitos de transmissão que cada clube recebe. E com os cerca de 20 milhões de euros pelo 16º lugar, fica mais complicado em preencher a lacuna do salário anual dos jogadores: 44,5 milhões de euros.

Fußball Bundesliga Relegation SpVgg Greuther Fürth vs. Hamburger SV ARCHIV 2013
Van der Vaart (esq.) e Çalhanoğlu. O contrato do primeiro está acabando, o segundo quer sair do clube.Foto: picture-alliance/dpa

Já não é de hoje que o Hamburgo se sustenta em sua tradição. Segundo levantamento da Forbes, revista de negócios e economia, o Hamburgo está entre os 20 clubes mais valiosos do mundo – como valor similar ao do campeão espanhol e finalista da Liga dos Campeões, Atlético de Madrid. Mas o campeão europeu de 1983 não disputa um torneio continental desde a temporada 2008/2009.

Com todos estes problemas, não é de se espantar que, mesmo com concorrentes do nível de Paderborn, Freiburg e Augsburg, o Hamburgo seja sério candidato a perambular pelas posições inferiores da tabela.

Uma enquete no portal esportivo alemão Kicker levantou a questão se o Hamburgo permanecerá na primeira divisão também na próxima temporada. Cerca de 40% dos leitores acreditam que o clube não manterá a sua tradição e será rebaixado. Até lá, o relógio na Imtech Arena continuará contabilizando a vida do "Dinossauro" na primeira divisão da Bundesliga.