Da proibição à fama, em 25 anos
10 de novembro de 2007Até chegar à grande popularidade que tem hoje na Alemanha, o futebol feminino superou vários desafios. Um deles foi imposto em 1955, proibindo mulheres de praticar o esporte. A liberação só veio em 1970, quando a Federação Alemã de Futebol (DFB) abriu caminho para elas entrarem em campo.
A primeira partida oficial foi disputada contra a Suíça, no dia 10 de novembro de 1982. As alemãs ganharam por 5 a 1, sendo que dois gols foram marcados pela atual técnica da seleção feminina alemã, Silvia Neid, na época com 18 anos.
Se ainda hoje muitas mulheres sentem o preconceito de praticar um esporte "para homens", as primeiras jogadoras precisaram mostrar muito futebol no pé para ganharem respeito. Na Alemanha, três técnicos já ajudaram a seleção feminina neste desafio: o primeiro foi Gero Bisanz, que acompanhou as jogadoras alemãs desde a estréia, em 1982, até os Jogos Olímpicos de 1996. Ele foi substituído por Tina Theune-Meyer, que tinha como assistente Silvia Neid, para quem passou o comando da equipe em 2005.
De utensílios domésticos até 50 mil euros
A coleção de títulos da seleção feminina alemã começou em 1989, quando a então República Federal da Alemanha venceu, pela primeira vez, o Campeonato Europeu, que na época ainda se chamava Competição Européia. Com a conquista, cada jogadora recebeu um jogo de chá e uma tábua de passar roupas.
O prêmio poderia ter incentivado muitas a abandonar os campos e voltar aos afazeres do lar. Mas elas continuaram e, em 1991, venceram novamente a competição, defendendo desta vez a Alemanha já unificada.
Apesar do domínio alemão, o futebol feminino foi evoluindo por toda a Europa. E com o sucesso da modalidade, em 1991 a competição para equipes femininas, criada nos anos 80, recebeu o status de Campeonato Europeu de Futebol Feminino. Desde 1997, ele ocorre a cada quatro anos e é o equivalente feminino da Eurocopa, sendo qualificatório para o Campeonato Mundial.
A Alemanha venceu ainda os campeonatos europeus de 1995, 1997, 2001. E, em 2005, as jogadoras foram campeãs invictas. O primeiro título mundial foi conquistado pelas alemãs em 2003, nos Estados Unidos.
O bicampeonato veio em setembro deste neste ano, na China, quando elas derrotaram as brasileiras por 2 a 0 na final. Desta vez, a façanha foi não ter levado nenhum gol. E como nem tudo é igual a antigamente, por esta vitória, cada jogadora ganhou o prêmio de 50 mil euros.
A estrela do time
Comparado ao que os homens recebem, este valor é baixo. E até hoje muitas jogadoras profissionais dependem de outro emprego para garantir o sustento. A melhor jogadora da equipe alemã, por exemplo, é a fisioterapeuta Birgit Prinz.
A atacante e capitã, nascida em Frankfurt, estreou com o uniforme da seleção da Alemanha em 1994, quando tinha apenas 16 anos. Por três vezes consecutivas, ela foi eleita a melhor jogadora do mundo, em 2003, 2004 e 2005, além de ser a "Jogadora de Futebol do Ano" da Alemanha de 2001 até 2007.
Atualmente, ela guarda em seu currículo 173 jogos pela seleção alemã, com 116 gols marcados. Prinz joga no FFC Frankfurt, o primeiro clube a ter um time de futebol feminino na Alemanha, e ainda encontra tempo para cursar Psicologia.
Copa do Mundo de 2011
O primeiro e único país cujas seleções masculina e feminina conquistaram os campeonatos europeu e mundial de futebol é a Alemanha. E depois de os homens ficarem com o terceiro lugar na Copa, em 2006, a DFB espera que as mulheres garantam o tricampeonato em casa, na Copa do Mundo de Futebol Feminino, em 2011.
Sonho possível de ser alcançado por quem venceu 205 dos 301 jogos disputados ao longo de seus 25 anos de história. A não ser que em quatro anos seja a vez das brasileiras.