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Cortes na DaimlerChrysler

(gh)14 de fevereiro de 2007

Nove anos após a fusão que deu origem à DaimlerChrysler, montadora teuto-norte-americana corta 13 mil empregos e admite até vender a Chrysler para se livrar de prejuízos e preservar o brilho da marca Mercedes-Benz.

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Analistas já especulam sobre divisão do grupoFoto: PA/dpa

O conselho administrativo da DaimlerChrysler não descarta mais a venda da Chrysler e, pela primeira vez, coloca publicamente em questão a parceria teuto-norte-americana iniciada há nove anos.

É o que sinalizou a direção do grupo, que nesta quarta-feira (14/02) apresentou o balanço anual para 2006 e anunciou o fechamento de uma fábrica e o corte de 13 mil postos de trabalho nos EUA e no Canadá até 2009 para tentar sanear a Chrysler.

A subsidiária norte-americana teve um prejuízo de 1,1 bilhão de euros no ano passado. Em 2005, ainda havia obtido um lucro de 1,5 bilhão de euros. Em 2006, suas vendas sofreram uma queda de 100 mil veículos, para 2,7 milhões de unidades.

Zetsche: salvador da Chrysler?

"Para acelerar o programa de reestruturação, vamos avaliar outras opções estratégicas que vão além de parcerias e cooperações. Não descartamos mais nenhuma opção para encontrar a melhor solução para a Chrysler Group e para a DaimlerChrysler", disse o presidente do grupo, o alemão Dieter Zetsche.

Zetsche chegou ao comando da DaimlerChrysler em 2005 como o "homem que salvou a Chrysler". A partir de 1998, ele havia fechado várias fábricas da montadora norte-americana, que, desde então, reduziu seu quadro de pessoal de 126 mil para 82 mil funcionários.

A atual crise da Chrysler é atribuída a falhas de planejamento dos modelos e ao aumento dos preços dos combustíveis. Até mesmo os americanos estariam virando as costas aos "sedentos" veículos da terceira maior montadora dos EUA. Com 20 modelos novos e 13 remodelados, a empresa quer voltar a ter lucros até 2009.

As declarações de Zetsche foram uma reação às notícias veiculadas nesta quarta-feira pela imprensa alemã de que ele estaria preparando a divisão da DaimlerChrysler.

Segundo o jornal Handelsblatt, Zetsche já teria encarregado um banco de investimentos norte-americano para avaliar a possibilidade de venda da Chrysler.

Estrela da Mercedes volta a brilhar

Ein DaimlerChrysler Mitarbeiter hält im Mercedes-Werk in Sindelfingen (bei Stuttgart) am Mittwoch (09.02.2005) mit weißen Handschuhen einen Mercedes Stern in der Hand p178 Symbolfoto
Mercedes cobre prejuízos da ChryslerFoto: dpa

Enquanto a estrela da principal marca do grupo DaimlerChrysler – a Mercedes-Benz – volta a brilhar e lucra com o boom no setor de utilitários, a Chrysler é considerada o "paciente" do conglomerado.

Segundo o balanço divulgado nesta terça-feira, o lucro da DaimlerChrysler aumentou de 5,2 bilhões de euros em 2005 para 5,5 bilhões de euros em 2006. No ano passado, o grupo vendeu 4,7 milhões de veículos e faturou 151,6 bilhões de euros.

As especulações sobre a venda da Chrysler impulsionaram as ações do conglomerado, que subiram 5,1% nesta quarta-feira, atingindo 51,75 euros – a melhor cotação desde junho de 2002.

"Casamento frustrado"

Analistas de mercado acreditam que uma divisão do grupo aumentaria as chances de recuperação da Chrysler. E a Daimler se livraria de uma subsidiária problemática, que, desde a fusão em 1998, só tem prejudicado seu balanço. "A Chrysler continuará sendo um eterno canteiro de obras", prevê o perito em indústria automobilística, Wolfgang Diez.

Segundo o Wall Street Journal, há um "medo insuperado dos alemães" de cooperar mais estreitamente com a Chrysler. "Teme-se na Mercedes que as pessoas passem a comprar os veículos mais baratos da Chrysler em vez de comprar os da marca alemã", escreve o jornal.

O diário econômico Financial Times Deutschland avalia que "foi necessário um sinal claro de Zetsche para evitar que a marca Mercedes, novamente polida, sofra demais sob o peso da subsidiária norte-americana", com a qual mantém um "casamento sem igualdade de direitos".