Dança da chuva reúne cerca de 200 pessoas em São Paulo
22 de novembro de 2014Cada gota que caía do céu era recebida com intensa comemoração pelas cerca de 200 pessoas que participaram de uma dança da chuva no vão do Museu de Arte de São Paulo (Masp), nesta sexta-feira (21/11).
Com os rostos pintados, chocalhos e adereços indígenas, o grupo começou a concentração com um batuque e a apresentação musical de um saxofonista. Os organizadores, cinco estudantes de publicidade, promoveram um ensaio, para ir animando o público.
Finalmente, formou-se uma roda, e a dança começou. Aos gritos de “chuva, chuva!”, os participantes rodaram, batendo os pés no chão, liderados por um único índio. A expectativa era grande, mas a chuva não vinha. “A gente tem que pedir com mais força, que a água vem”, comentou uma das participantes, olhando para cima. Após pouco mais de dez minutos, entretanto, a dança foi encerrada e o aguaceiro não chegou.
"Improviso prejudicou"
Para Altukumã, de 21 anos, o improviso prejudicou o resultado. “É muito diferente de como fazemos na aldeia. Eu sou muito novo, lá são os índios mais velhos que comandam a dança. Tem que ser poderoso para chamar a chuva”, explica, com um português acanhado.
O índio deixou sua tribo Yawalapiti, do Xingu, no Mato Grosso, para morar em São Paulo há poucos meses. Altukumã disse ter sido procurado pelo grupo para ajudar no evento. “Fui também até o Cantareira e fiz uma dança lá. É muito triste essa situação”, conta.
Segundo os organizadores, a dança foi marcada para chamar atenção para a crise hídrica em São Paulo. “Foi um jeito bem-humorado de tratar do tema. Marcamos para 21 de novembro porque a Sabesp disse, meses atrás, que a água do Cantareira só duraria até hoje”, afirma Leonardo Arcoverde, de 34 anos, se referindo à Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo .
Comparecimento longe do esperado
O objetivo do grupo era bater o recorde da maior dança da chuva do mundo, realizada na Irlanda em 2011, com 395 pessoas. “Não deu para entrar para o Guinness”, admite Leonardo.
Ainda assim, Adenicia de Paula Silva, de 27 anos, considerou “válida” a iniciativa. “Acho que só agora as pessoas estão tomando consciência da importância de economizar água”, ressalta.
Depois do fim oficial do evento, parte do grupo permaneceu no local, tocando e dançando em uma roda improvisada. Por volta das 20h, caíram os primeiros pingos. A chuva foi fraca, mas suficiente para animar os participantes.
“Quando a gente faz a dança lá na tribo, pode chover por um mês seguido”, diz Altukumã. Ainda há esperança para São Paulo.