Alemães vão às urnas
25 de setembro de 2009Segundo as más línguas, a chanceler federal alemã, Angela Merkel, preferia ter reiniciado sem muito alarde um segundo mandato, após as eleições deste domingo (27/09) na Alemanha.
Isso foi demonstrado por sua atitude conciliadora nos últimos meses e pela ausência de temas polêmicos nesta campanha eleitoral. Além do mais, não é fácil se distinguir de seu adversário político, no caso os social-democratas, quando se governa com ele dentro de uma mesma coalizão.
No debate entre Merkel e o candidato social-democrata à Chancelaria Federal, Frank-Walter Steinmeier, no dia 13 de setembro, ambos pareciam "velhos amigos". Em sua tentativa de sobressair-se, Merkel, favorita à reeleição, salientou: "Antes de tudo, deve-se dizer que a coalizão realmente fez um bom trabalho – sob minha liderança".
Crise financeira foi o principal desafio da atual coalizão
O principal desafio da coalizão alemã de governo foi o combate à crise econômica, com medidas que incluíram desde o pacote conjuntural até a estatização do banco hipotecário Hypo Real Estate. O desafiante Frank-Walter Steinmeier atribui isso à competência do Partido Social Democrata (PSD) na gestão de crises.
Segundo Steinmeier, a maioria das sugestões de combate à crise apresentadas nos últimos meses veio da social-democracia, de ministros como Peer Steinbrück (Finanças), Olaf Scholz (Trabalho e Assuntos Sociais), e por ele próprio. Independentemente dos êxitos do atual governo, uma nova coligação entre os dois principais partidos alemães seria, para os envolvidos, apenas uma solução emergencial.
Tradicionalmente, o parceiro preferido dos conservadores da União Social-Cristã (CSU) e da União Democrata Cristã (CDU) é o Partido Liberal Democrata (FDP). No último final de semana, também os liberais se colocaram à disposição para uma coalizão com os conservadores. Esta aliança já havia possibilitado que Helmut Kohl se mantivesse no poder durante 16 anos, de 1982 a 1998.
Liberais cresceram na preferência do eleitorado
Como partido da classe média, mas que também exige a proteção dos direitos dos cidadãos e não usa apenas a política econômica liberal como slogan, o partido está crescendo na preferência do eleitorado. Pesquisas de opinião projetam para o FDP um resultado superior a 10% dos votos. Na última eleição, em 2005, receberam 9,8% dos votos.
Guido Westerwelle, presidente dos liberais, é responsável por esse êxito. Ele polemizou durante a campanha eleitoral com slogans contra seus adversários políticos. Um dos temas foi a recompensa estatal por automóveis entregues para sucateamento. Segundo ele, teria sido a única medida positiva da atual administração federal.
Teoricamente, também seria possível compor uma coalizão com três partidos, entre liberais, conservadores e verdes. Mas, no momento, nem liberais nem verdes querem essa aliança. Uma importante razão para isso são as divergências em relação à energia nuclear.
Jürgen Trittin, um dos dois presidentes do Partido Verde, foi ministro do Meio Ambiente sob o governo Gerhard Schröder, que se decidiu pela eliminação gradual da energia nuclear na Alemanha. O afrouxamento dessa renúncia à energia atômica é categoricamente rejeitada pelos verdes.
Em sua campanha, Trittin apostou no perfil ambientalista do partido: "Só o verde é saída para a crise! Mas é preciso ter noção de política econômica ecológica. E neste ponto os outros partidos ainda não amadureceram".
Também sua correligionária Renate Künast, igualmente membro da presidência do Partido Verde, acha que a atual coalizão de governo só perdeu chances de resolver os problemas do país.
Coligação SPD e A Esquerda apenas em nível estadual
O partido A Esquerda conquistou seu espaço no espectro político alemão de esquerda e concorre – com sucesso – com o SPD. Há dez anos, em protesto à política social do então chanceler federal Gerhard Schröder, o atual presidente da Esquerda, Oskar Lafontaine, renunciou aos postos de presidente do SPD e ministro das Finanças. Muitos social-democratas ainda consideram isso uma traição e por esse motivo rejeitam uma coalizão com a Esquerda, ao menos em nível federal.
Mas também a Esquerda, que se opõe à participação alemã em operações militares no Afeganistão, não vê possibilidades – ainda – de trabalho conjunto, ressaltou Lafontaine. Para ele, enquanto o SPD mantiver sua posição em relação ao Estado social e à guerra, "não é possível nenhuma cooperação".
Já em nível estadual, a coalizão entre SPD e a Esquerda há muito tempo deixou de ser tabu.
Autor: Daphne Grathwohl (rw)
Revisão: Simone Lopes