Deputados alemães querem o fechamento permanente de bordéis
20 de maio de 2020Políticos alemães pediram nesta terça-feira (19/05) que os bordéis do país sejam fechados por tempo indeterminado, na esteira do fechamento temporário devido a restrições impostas para conter a disseminação do novo coronavírus.
Dezesseis legisladores da União Democrata Cristã (CDU) e do Partido Social-Democrata (SPD) – os partidos que compõem a colizão de governo encabeçada pela chanceler federal Angela Merkel – enviaram uma carta aos 16 governos estaduais do país alertando que profissionais do sexo podem se tornar "superpropagadoras" do vírus.
A prostituição é legal na Alemanha, mas diferentes estados e cidades impõem regulações diferentes sobre onde e como profissionais do sexo podem atuar. Todos os bordéis do país foram fechados em março, após a imposição de medidas de distanciamento social para conter a pandemia de covid-19.
"Deveria ser óbvio que prostitutas podem se tornar 'superpropagadoras' epidemiológicas – as atividades sexuais são, via de regra, incompatíveis com as medidas de distanciamento social", diz a carta, divulgada pela agência de notícias DPA.
Entre os signatários estão o ex-ministro da Saúde Hermann Gröhe, filiado à CDU, e o sindicalista social-democrata Leni Breymaier, além do deputado e médico Karl Lauterbach.
A Alemanha poderia adotar o "modelo nórdico"?
Existem cerca de 33 mil profissionais do sexo registrados oficialmente na Alemanha, embora o governo calcule que o número real possa chegar a 400 mil. Embora a legislação introduzida em 2002 tivesse como objetivo melhorar as condições para a categoria, muitas dessas pessoas ainda vivem e trabalham em condições precárias e também são vítimas de tráfico humano ou escravidão moderna.
Na carta, os parlamentares alemães expressam esperança de que o fechamento dos bordéis possa ser uma chance de melhorar as oportunidades para profissionais do sexo na Alemanha.
"A reabertura dos bordéis não ajudará essas mulheres", diz a carta. "Em vez disso, elas precisam de aprendizado, treinamento ou um emprego seguro."
A carta pede ainda que a Alemanha aproveite a oportunidade para adotar o "modelo nórdico", que não proíbe a venda de sexo, mas prevê que a compra seja ilegal, transferindo o ônus para os clientes. Sob esse modelo, profissionais do sexo recebem ajuda e serviços para deixar o mercado da prostituição, como oportunidades para aprimorar sua educação. Na Alemanha, a maioria das profissionais do sexo vêm do Leste Europeu.
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