Parlamento britânico reabre após Supremo anular recesso
25 de setembro de 2019Após a Suprema Corte do Reino Unido considerar "ilegal" e "nula" a suspensão do Parlamento determinada pelo primeiro-ministro Boris Johnson, os deputados voltaram a se reunir nesta quarta-feira (25/09).
O presidente da Câmara dos Comuns, John Bercow, disse que, para refletir a decisão judicial, o boletim parlamentar assinalará que houve um "adiamento" das sessões, ao invés de registrar que foram suspensas.
No início da sessão, o procurador-geral britânico, Geoffrey Cox, falou aos deputados, assegurando que o governo atuara de "boa fé" ao decidir pela suspensão parlamentar nas vésperas do Brexit, previsto para 31 de outubro.
O político conservador foi agressivo ao defender a decisão de pausar os trabalhos parlamentares e acusou os deputados de serem "covardes" por se recusarem a aprovar a realização de eleições antecipadas. "Este parlamento deveria ter a coragem de encarar o eleitorado, mas não terá, porque muitos só se importam em nos impedir de deixar a União Europeia. Mas a hora está chegando."
Em meio a exigências de que renuncie, Johnson chegou a Londres, vindo de uma curta visita à ONU, em Nova York, disposto a fazer um pronunciamento diante dos deputados abordando a decisão da Suprema Corte.
Ele enfrenta um Parlamento hostil, que volta com poder revigorado na disputa pelo Brexit. Antes da pausa compulsória, iniciada em 10 de setembro, Johnson perdeu sua maioria parlamentar, e os deputados aprovaram uma lei destinada a impedir que o premiê conservador implemente um Brexit sem acordo.
Em Nova York, ele rejeitou a ideia de deixar o cargo, dizendo que a determinação da corte não é justa, que "discorda fortemente" dela, mas que a respeitaria. Também sugeriu que possa tentar suspender o Parlamento novamente. A manobra de Johnson fez com que ele fosse acusado pela oposição de querer silenciar o Legislativo em meio aos debates em torno do Brexit.
Michael Gove, encarregado no gabinete da elaboração de uma estratégia para o Brexit sem acordo, anunciou que o governo apresenta nesta quarta-feira no Parlamento seus planos para as próximas iniciativas. À emissora BBC, declarou que o governo não precisa "se desculpar por levar adiante nossa saída da União Europeia".
MD/afp/ap/efe
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