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Desempregados alemães para reconstrução na Ásia

(am)10 de janeiro de 2005

Políticos oposicionistas sugerem o envio de desempregados alemães para ajudar na reconstrução das regiões assoladas pelo maremoto na Ásia. As organizações humanitárias consideram a idéia – no mínimo – infeliz.

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Reconstrução na Ásia: com ajuda de desempregados alemães?Foto: AP


Para o deputado federal Andreas Scheuer, um conservador bávaro da União Social Cristã (CSU), a questão parece muito lógica. O governo federal alemão prometeu uma ajuda no valor de 500 milhões de euros para a reconstrução dos países atingidos pelo tsunami no Oceano Índico e tem agora de exigir que firmas alemães sejam encarregadas dos trabalhos de saneamento das infra-estruturas locais. E as empresas beneficiadas deveriam então contratar desempregados alemães para a execução dos trabalhos.

Scheuer não está sozinho. Outros políticos oposicionistas, como o liberal Rainer Brüderle e o democrata-cristão Peter Harry Carstensen, também manifestaram opiniões semelhantes. Segundo Brüderle, na região da catástrofe "necessita-se com urgência, no momento, de todas as mãos competentes disponíveis".

Rainer Brüderle Galerie deutsche Politiker
Rainer Brüderle: forma de reintegração no mercado de trabalhoFoto: dpa

E o vice-presidente do Partido Liberal Democrático (FDP) apresenta logo a solução: "O governo federal alemão, em conjunto com as organizações de ajuda humanitária, deveriam oferecer empregos temporários específicos a desempregados para a reconstrução". E a medida mataria dois coelhos com uma cajadada, na sua opinião: "Para alguns alemães, isso poderia significar a reintegração voluntária no mercado de trabalho".

Empregos de um euro

Para Peter Harry Carstensen, existe um grande número de peritos – engenheiros e operários especializados – entre os milhões de desempregados na Alemanha, "que querem ajudar". A seu ver, eles estariam dispostos a trabalhar nos países assolados pelo tsunami com base nos chamados "empregos de 1 euro", ou seja, recebendo o pagamento de um euro por hora trabalhada.

A idéia parece não convencer muito o chanceler federal Gerhard Schröder. Mas o chefe de governo alemão não a rechaçou inteiramente, em entrevista a uma emissora alemã de televisão. Schröder chamou a atenção que não faz sentido enviar para a Ásia desempregados que não dominem pelo menos a língua inglesa e que não tenham nenhum conhecimento sobre os países e as culturas da região. Mas, desde que preencham os requisitos para o trabalho in loco e que se inscrevam voluntariamente, o chanceler considera a proposta realizável.

Princípio da auto-ajuda

O debate dos políticos chegou a provocar indignação entre algumas entidades alemãs de ajuda humanitária. Por exemplo, a diretora da organização evangélica luterana Pão para o Mundo, Cornelia Füllkrug-Weitzel: "Eles não estão à espera dos desempregados alemães e têm condições de ajudar a si próprios".

Na sua opinião, existe suficiente mão-de-obra especializada na região da catástrofe. O que é preciso é fornecer um apoio financeiro a seu trabalho: "A ajuda para o desenvolvimento está fadada ao fracasso, quando se impõe o auxílio vindo de fora; o que funciona é exclusivamente o fomento à auto-ajuda", afirma Füllkrug-Weitzel.

Tampouco faz sentido, segundo a diretora de Pão para o Mundo, a doação de toneladas e toneladas de material que possa ser produzido ou comprado na região, pois isso liquidaria o mercado local, provocando mais pobreza e desemprego.

Nenhuma solução plausível

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Desempregados alemães: falta qualificação para o trabalho na ÁsiaFoto: AP

Opinião semelhante foi manifestada também pelo secretário-geral da organização humanitária Ação Agrária Alemã, Hans-Joachim Preuss. A seu ver, a mobilização de desempregados alemães para a ajuda na região da catástrofe asiática não é "nenhuma solução plausível".

Trabalhos simples, como remoção de escombros ou reconstrução de casas, podem e devem ser executados pela mão-de-obra local. Para muitas pessoas que perderam tudo na enchente provocada pelo tsunami, essa é também uma chance de realizar um trabalho remunerado, que lhes garanta a subsistência pelo menos durante algum tempo.

Por outro lado, afirma Preuss, é improvável que se possa encontrar muitos desempregados alemães com os necessários conhecimentos de idioma e que estejam devidamente informados sobre os países em que teriam de atuar.