Dez grandes filmes alemães dos anos 1970
Sucedendo às revoluções de comportamento do fim da década anterior, anos 70 na Alemanha apresentaram cinema libertário, destacando-se a iconoclastia de Rainer W. Fassbinder.
Não é o homossexual que é perverso, mas a situação em que ele vive
Grito de libertação contra a opressão dos gays na Alemanha, o filme do cineasta e ativista Rosa von Praunheim gerou uma série de escândalos quando foi lançado em 1970, sendo inclusive rejeitado por diversos canais de TV. Hoje é um clássico do cinema alemão moderno. Posteriormente, Von Praunheim produziu e dirigiu dezenas de filmes.
Aguirre, a cólera dos deuses
O filme de 1972 é uma reconstrução livre da trajetória do conquistador espanhol Lope de Aguirre, que comandou uma expedição pela Amazônia em 1561, em busca do sonhado Eldorado. Werner Herzog reflete sobre temas como exploração e cobiça a partir da história protagonizada por Klaus Kinski. A câmera em constante movimento representa a dificuldade de se orientar em meio aos desafios da floresta.
O medo devora a alma
Longa-metragem da primeira fase de Fassbinder, "O medo devora a alma", de 1974, foi inspirado nos filmes de Douglas Sirk. A história de amor entre uma faxineira de 60 anos e um marroquino pelo menos 20 anos mais novo é uma parábola sobre os conflitos entre entre jovem e idoso, nativo e imigrante, familiar e estranho. Por isso é hoje uma das obras mais atuais da extensa produção do cineasta.
Alice nas cidades
"Road movie" rodado em preto-e-branco, com tomadas longas e montagem precisa, assim como outros filmes de Wim Wenders, "Alice nas cidades", de 1975, aborda temas como a busca da identidade, a solidão e o estranhamento. Os protagonistas encontram seus lugares no deslocamento das viagens. Ele compõe uma trilogia de "road movies", ao lado de "Movimento em falso" (1975) e "No decurso do tempo" (1976).
A honra perdida de Katharina Blum
O sucesso deste filme, baseado no conto homônimo de Heinrich Böll, tornou o diretor Volker Schlöndorfft conhecido do grande público. Com roteiro escrito a quatro mãos com sua então esposa, a atriz e cineasta Margarethe von Trotta, o filme amplamente premiado de 1975 discute a emancipação feminina no contexto político da Alemanha da década.
No decurso do tempo
Considerada a obra mais importante de Wim Wenders nos anos 1970, "No decurso do tempo" expõe paisagens do interior alemão ainda muito marcadas pela lembrança do nazismo. Citando filmes de Nicholas Ray e Fritz Lang, ele dialoga também com a herança do cinema. Feito sem roteiro prévio, o filme de 1976 seguiu a rota de uma viagem por pequenas localidades ao longo do Muro que dividia a Alemanha.
O amigo americano
Os dias do restaurador Jonathan Zimmermann (Bruno Ganz) estão contados, pois ele sabe que vai morrer de leucemia. Durante um leilão, conhece o americano Tom Ripley (Dennis Hopper), que falsifica obras de arte. Adaptado livremente de "O jogo de Ripley", de Patricia Highsmith, o filme de 1977 dirigido por Wim Wenders é uma reflexão sobre o próprio cinema e o poder das imagens.
Alemanha no outono
Com direção coletiva de 12 diretores, o filme de episódios de 1978 elabora, através de imagens de ficção e documentais, o terrorismo da Facção do Exército Vermelho (RAF). A referência é o "Outono Alemão" de 1977, época da morte dos terroristas Andreas Baader, Gudrun Ensslin e Jan-Carl Raspe na prisão, assim como da execução do empresário Hanns Martin Schleyer por membros da RAF.
O casamento de Maria Braun
Ao lado de "Lola" e "O desespero de Veronika Voss", o filme de 1979 compõe uma trilogia criada por Rainer W. Fassbinder para questionar os fundamentos da Alemanha Ocidental. Maria Braun (Hannah Schygulla) serve de metáfora do milagre econômico, que reprimia todo afeto em nome do bem-estar financeiro. Em 2016, o diretor Thomas Ostermeier levou uma adaptação teatral ao palco do Schaubühne de Berlim.
O tambor
Em maio de 1979, estreava o longa que viria a consagrar o nome de Volker Schlöndorff no mundo: "O tambor". Baseado no romance de Günter Grass, ele foi premiado com a Palma de Ouro em Cannes e o Oscar de melhor filme estrangeiro, consagrando-se como um dos filmes mais assistidos na Alemanha do pós-guerra. O diretor usou em sua adaptação apenas dois dos três volumes do romance de Grass.