Dez grandes filmes alemães dos anos 1980
Na década de 1980, a Alemanha produziu alguns clássicos da sétima arte. Entre eles, dois grandes filmes de Wim Wenders: "Paris, Texas" e "Asas do desejo".
Berlim Alexanderplatz
A minissérie em 14 episódios "Berlim Alexanderplatz" é a adaptação para a TV, por Rainer Werner Fassbinder, do romance homônimo de Alfred Döblin. Exibida pela primeira vez em 1980, foi levada às telas da Berlinale em 2007 em versão remasterizada. O épico de 15 horas de duração, rodado em 16mm, apresenta a odisseia de um cidadão inescrupuloso na República de Weimar.
Eu, Christiane F., 13 anos, drogada e prostituída
O caráter lendário deste filme não se deve a sua linguagem cinematográfica ou à qualidade do roteiro, mas à simbologia de uma época e à presença de David Bowie. Dirigido por Uli Edel, o longa de 1981 conta a história da jovem Christiane F., a partir da autobiografia publicada em 1978, em meio às drogas da Berlim dos anos 1970-1980. "Heroes", de Bowie, é o hino da protagonista.
Mephisto
A coprodução teuto-húngara de 1981 dirigida por István Szabó é uma adaptação do romance de Klaus Mann escrito em 1936. O protagonista conivente com a ideologia nazista é uma alusão à figura de Gustav Gründgens, ator aclamado durante o "Terceiro Reich". Com cortes secos que interrompem diálogos e interpretação estilizada, o filme discute a impossibilidade de dissociar a arte da política.
Os anos de chumbo
O longa de 1981 de Margarethe von Trotta aborda o "Outono Alemão", marcado pelo terrorismo da Facção do Exército Vermelho (RAF). No centro da narrativa está a história real das irmãs Gudrun e Charlotte Ensslin, que se engajaram politicamente: uma como jornalista e feminista, a outra como terrorista. "Os anos de chumbo" foi premiado com o Leão de Ouro no Festival de Veneza.
O desespero de Veronika Voss
Urso de Ouro no Festival de Berlim, o filme de 1982 dirigido por Rainer W. Fassbinder relata o encontro de um jornalista com uma ex-estrela do cinema e ex-amante de Joseph Goebbels. Viciada em morfina, ela leva uma vida decadente e sombria. Trata-se de um comentário sobre a complexa relação entre o cinema do "Terceiro Reich" e a produção cinematográfica da Alemanha Ocidental no pós-guerra.
Fitzcarraldo
O protagonista, interpretado por Klaus Kinski (ator de outros filmes de Werner Herzog), é um britânico excêntrico e sonhador, que quer construir uma casa de ópera em plena Floresta Amazônica. As lendárias brigas entre ator e diretor repetiram-se durante as filmagens deste controverso longa de 1983, gerando muita publicidade e posteriormente até documentários.
Paris, Texas
"Road movie" com cultuada trilha sonora de Ry Cooder, o clássico de Wim Wenders de 1984 tem Harry Dean Stanton, Nastassja Kinski e Dean Stockwell no elenco, e roteiro de Sam Shepard. Elogiado pela crítica, recebeu vários prêmios, entre os quais a Palma de Ouro em Cannes. O errático protagonista Travis cruza paisagens solitárias dos EUA, marcadas pela intensidade do vermelho nas imagens.
Homens
A comédia dirigida por Doris Dörrie e produzida originalmente para a TV chegou aos cinemas em 1985. Ela narra as trajetórias opostas de dois homens: um executivo, que abandona o trabalho; e o outro descompromissado, começando a se envolver com a carreira, "Homens" teve enorme sucesso de público, com mais de 6 milhões de espectadores – apesar da recepção controversa por parte da crítica.
Asas do desejo
"O filme mais importante que fotografei foi 'Asas do Desejo'", disse certa vez o francês Henri Alekan. O longa de 1988 de Wim Wenders, premiado por melhor direção no Festival de Cannes, é um registro raro de Berlim antes da reunificação: o Muro como cicatriz da Guerra, a solidão de uma Potsdamer Platz gélida e vazia e os shows embaçados de Nick Cave nos galpões de uma cidade dividida.
Imagens do mundo e inscrições da guerra
Filme sobre "os limites da representação", de 1988, dirigido por Harun Farocki, revela como as imagens são manipuladas. O diretor analisa prematuramente, em seu documentário-ensaio, a violência midiática que viria a se intensificar nas décadas seguintes. As "imagens do mundo" do título referem-se a "antes e depois de Auschwitz", ponto em torno do qual giram as inscrições de guerras diversas.