Interculturalidade
21 de junho de 2007"Aqui você pode falar de graça por telefone durante dez minutos, com quem quiser e para qualquer lugar do mundo": a oferta é atrativa. Mas muito mais atrativa ainda é a proposta cultural que a inspira.
O projeto "Quem está na linha? Telefone de graça!", do artista espanhol Josep-María Martín, é um espaço de interação entre literatura, interculturalidade e arte com participação do público.
A "instalação" do artista consiste em um trailer equipado com cabines telefônicas disponibilizadas para a população, principalmente a de imigrantes da Alemanha. A única condição obrigatória é aceitar conversar com um escritor após o telefonema.
Relatos viram livro
A história dessas pessoas, a vida de imigrante e o quotidiano nos bairros de população multiétnica são os temas dessas conversas. A idéia é que esses relatos se transformem num livro com 21 histórias, a ser lançado em outubro na Feira de Livros de Frankfurt.
"Os textos dos autores são muito variados", relatou Stefanie Klinge, curadora do projeto e co–diretora da instituição Incult – Iniciativas Culturais, sediada em Barcelona, que realiza o projeto juntamente com a Feira de Frankfurt.
"Alguns escritores contam as impressões extraídas dessas conversas, outros narram na íntegra as histórias relatadas e há também quem acrescente trechos ficcionais."
Um dos relatos impressionou tanto um autor que ele escolheu como título do seu texto "Dez meses e um dia": a resposta que recebeu após uma longa reflexão de um imigrante a quem havia perguntado há quanto tempo morava na Alemanha.
Imigrantes dos mais diversos países
A maioria das conversas é realizada em alemão, mas vários dos autores também falam outros idiomas. Além disso, as crianças que acompanham as mães que utilizam as cabines ajudam na tradução, "já que geralmente elas falam alemão melhor que os pais", relata Klinge.
Um mapa-múndi no trailer indica a origem de quem já passou por ali. "As pessoas telefonam para os mais diversos lugares, que inclusive variam segundo a cidade e o bairro onde estão as cabines", explica Klinge.
"Em Hamburgo, por exemplo, telefonaram muitos ganenses e búlgaros, já em Colônia, tivemos vários turcos, chineses e nigerianos."
Calendário do projeto
Após uma experiência similar na Espanha, o projeto iniciou a etapa alemã em Colônia, e em seguida, foi para Hamburgo. Neste mês de junho, ele passará ainda por Berlim, de 23 a 26, e por Stuttgart, de 27 de junho a 1º de juho.
Além do lançamento do livro de relatos em outubro, durante a Feira de Frankfurt, a organização do projeto aproveitará o evento para apresentar um documentário sobre a experiência.