Qual é o meu tamanho?
25 de março de 2009Se alguém perguntar a um europeu, qual o tamanho de roupa que ele veste, provavelmente, a resposta não será certeira, pois, na Europa, eles podem variar de 36 até 38 ou, até mesmo, de 40 a 44. Ao provador de uma loja, o consumidor deve levar consigo diferentes tamanhos de uma calça ou de uma blusa e, quando nada dá certo, as compras podem tornar-se frustrantes.
Quem viaja pela Europa acaba se afundando em um caótico mar de medidas. O tamanho 38 da Alemanha, por exemplo, seria 40 na França e, na Itália, 42. Às vezes, pode-se verificar um S de small (pequeno) em uma blusa, o tamanho 29 em uma calça, nas meias, 61/2 e, nos sapatos 39. A confusão é tão grande que fica difícil entender por que não se estabelece um sistema único de tamanhos no continente.
A especialista em tamanhos de confecções, Eva Hillers, que trabalha há 40 anos com o assunto, afirma que seria muito simples resolver o impasse. Segundo ela, o volume do busto e a extensão do corpo poderiam ser um indicador. "Com isso, ao comprar uma calça em qualquer lugar do mundo, a pessoa poderia ter certeza de seu tamanho, pois ele dependeria do volume. E tudo seria igual em todos os lugares", explica.
Cálculo dos tamanhos
No entanto, os tamanhos são calculados de uma maneira diferente. Na Rússia, por exemplo, o 38 resulta da metade do volume medido do busto, ou seja, uma mulher que tem 76 cm de busto usaria o tamanho 38. Já na Alemanha, esta média é feita com base na metade do volume do busto, diminuindo 6 cm. Assim que uma mulher com 88 cm de busto também usaria o tamanho 38.
Além disso, o intervalo entre um tamanho e outro se diferencia de um país para o outro. Em países como a Espanha e a Itália, estas diferenças são menores que na Alemanha, onde o tamanho seguinte é estabelecido a partir de uma diferença de 4 cm.
Mais curvas nos corpos
Hillers diz que as pessoas estão ficando cada vez mais gordas, o que "é realmente triste, mas esta é a tendência". Mas enquanto as medidas humanas têm aumentado nas últimas décadas, os tamanhos de roupa continuam os mesmos. Estatísticas mostram que o corpo das pessoas está mudando. Um exemplo disso são os franceses, que ganharam peso e tornaram-se mais altos.
Com resultados parecidos, estatísticas de 1994 indicaram que os alemães também estão encorpando. Na década de 1960, o tamanho 38 correspondia às seguintes medidas: 88 cm de busto, 68 cm de cintura e 90 cm de quadril. Atualmente, estas medidas passaram a ser, respectivamente, de 88, 72 e 97.
Segundo Hillers, algumas indústrias afirmam que as roupas estavam "muito apertadas" e, por isso, começaram a produzi-las em tamanhos maiores. "Também há muitas fábricas que alegam fundamentalmente que as peças de tamanho 38 são, na verdade, 36", ressalta.
Tamanho é psicológico
Conscientemente os tamanhos também enganam, aponta Hillers. Na opinião dela, os fabricantes tentam bajular suas clientes e, para isso, colocam o menor tamanho possível na etiqueta. Como desculpa para a armadilha, as empresas dizem que o determinado modelo tem um "corte mais largo", o que dificilmente pode ser desmentido.
O truque parece funcionar com alguns consumidores. Katja Fischborn admite que o tamanho tem grande importância. "A pessoa se sente melhor quando está escrito um tamanho menor", conta.
A responsável pelo controle de qualidade da C&A, Yvonne Kochs, revela que uma peça 38 pode não ter realmente o tamanho indicado. As clientes que compram a marca Clockhouse, por exemplo, geralmente são jovens e magras e, portanto, cabem em um corte mais estreito.
Regras para os tamanhos europeus
Enquanto a anarquia predomina no setor de confecções e no mercado interno europeu, quase tudo na Europa tem regras, até mesmo pepinos em conserva e capacetes de bombeiros. Mas não falta interesse para estabelecer regras para os tamanhos de roupas que estão presentes no cotidiano das pessoas.
Em 1994, o Comitê de Normas da União Europeia (CEN) começou a elaborar uma norma para os tamanhos de roupas. No entanto, os especialistas não conseguiram chegar a um acordo sobre o que exatamente devem dizer as etiquetas das roupas. "O tamanho 38 seria 434, sendo que cada algarismo seria um código", explica Hillers.
A mudança sugerida foi recusada pelo setor de vestuário, por não ser considerada agradável para o cliente; afinal, ele "teria de aprender muito mais", esclarece Kochs. Apesar disso, ela afirma que as empresas estão interessadas em uma padronização.
A comissão nacional de normas e os fabricantes se encontrarão novamente para discutir o assunto. Na reunião, pretende-se estabelecer uma regra de medidas para países como a França, a Holanda e também para a Alemanha.
Porém, Hillers se mantém cética em relação a uma decisão para a padronização, pois nem os franceses, nem os alemães ou os italianos vão querer abrir mão de seus tamanhos.
Como a própria experiência mostra, os clientes também não estariam satisfeitos. "Bom, se os tamanhos continuarem pequenos como os que eu uso agora, eu ficaria feliz. Mas se eu tivesse que usar um 42, acharia isso muito ruim", reclama Katja Fischborn.
Quanto a isso, a especialista Hillers dá uma dica: renunciar aos provadores e aos tamanhos estampados nas etiquetas. Quando vai às compras, ela leva uma fita métrica. "Eu meço, o volume da cintura e do quadril de uma calça e a barra, por exemplo, porque odeio provar roupas", conta.
Autor: Nicole Scherschun
Revisão: Simone Lopes