Dilma diz ser vítima de injustiça
28 de abril de 2016A presidente Dilma Rousseff declarou estar "realmente triste" por ser "vítima de uma injustiça" no processo de impeachment, em entrevista à emissora de televisão americana CNN, exibida nesta quinta-feira (28/04).
Ao ser questionada sobre como iria se sentir se fosse impedida de participar da cerimônia de abertura dos Jogos Olímpicos no Rio, Dilma disse que ficaria triste, pois participou dos esforços para que o evento acontecesse. "Mas estou muito mais triste por outra razão. A pior sensação para qualquer ser humano é ser vítima de injustiça, e estou sendo vítima de uma grande injustiça, que é esse processo de impeachment", afirmou.
Na entrevista à jornalista Christiane Amanpour, Dilma também afirmou que não considera um erro a nomeação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva para o cargo de ministro-chefe da Casa Civil. Ela disse que a decisão não foi uma tentativa de proteger Lula das investigações da Operação Lava Jato, mas um gesto para fortalecer o governo.
"Ter o Lula na Casa Civil seria muito bom para o governo, por isso ele não foi aceito", argumentou Dilma, em referência às ações movidas para barrar a posse do ex-presidente.
Ao ser questionada se já se sentiu como a pré-candidata democrata Hillary Clinton, que declarou não ser uma política tão forte como o marido, Bill Clinton, ou o presidente Barack Obama, Dilma concordou com a declaração. "Lula é um grande político, melhor do que eu. Nesse sentido, eu concordo com a Hillary. Não sou uma grande política como ele, eu sou uma pessoa que faz, uma pessoa dedicada", disse.
Dilma falou sobre a questão de gênero e disse que o sexismo na política contribuiu para o processo de impeachment. A presidente lembrou ainda que costuma ser citada na imprensa como uma mulher dura. "Tenho que responder sempre: sim, sou uma mulher dura cercada de homens fofos, educados e gentis", disse a presidente. "Somente mulheres são descritas como duras quando assumem alguma posição", ressaltou.
Na entrevista, Dilma reiterou que não cometeu crimes com as "pedaladas fiscais" e voltou a chamar o processo de impeachment de golpe.
CN/afp/ots