Dilma e Aécio disputam segundo turno
6 de outubro de 2014Numa virada surpreendente de última hora, o ex-governador de Minas Gerais Aécio Neves (PSDB) vai disputar o segundo turno da eleição presidencial com a presidente Dilma Rousseff. Pelos números oficiais do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Aécio tem mais votos do que as últimas pesquisas eleitorais indicavam, inclusive a boca de urna.
Com 95% das urnas apuradas em todo o país, o tucano soma 34% dos votos válidos. Dilma, na liderança, tem 41%. Marina Silva (PSB), que até uma semana atrás era dada como certa no segundo turno, ficou em terceiro, no mesmo patamar de 20% da eleição anterior, de 2010.
Pela pesquisa de boca de urna do Ibope, Aécio teria 30%, e a presidente, 44%. A primeira vez que o tucano apareceu à frente de Marina nas pesquisas foi neste sábado, véspera da eleição. O tucano tinha 27% no Ibope, contra 24% da ambientalista. No Datafolha, eram 26% contra 24%.
Ainda uma semana atrás, as pesquisas apontavam que Marina iria para o segundo turno, apesar de já haver uma tendência de queda. O resultado deste domingo é ainda mais surpreendente se for considerado que a ambientalista chegou a estar mais de 20 pontos percentuais à frente do tucano nas pesquisas, que ainda indicavam que ela venceria Dilma no segundo turno.
Com base nesses prognósticos, a atenção da imprensa internacional se voltou para a candidata do PSB. Ainda na segunda-feira passada, o jornal Süddeutsche Zeitung publicou um perfil de Marina, afirmando que ela poderia derrotar Dilma e PT no segundo turno. "Da Amazônia para o poder", escreveu a revista alemã Stern nesta quinta-feira, em outro perfil de Marina.
Com o resultado do primeiro turno conhecido, começa agora a disputa pelos votos dos "marineiros", que serão fundamentais para decidir a eleição no segundo turno. Tanto Dilma quanto Aécio vão agora cortejar a terceira colocada, em busca de apoio. Na eleição de 2010, Marina se recusou a apoiar qualquer candidato.
Com um histórico de militância petista, é possível que Marina tenha atraído, no primeiro turno, parte dos eleitores de esquerda, que poderiam agora migrar para Dilma. Mas, como ela é uma adversária política da presidente, uma dissidente do PT e hoje nome forte da oposição, é também muito provável que boa parte dos seus eleitores fique agora com Aécio.