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Vice assume presidência no Peru após queda de Castillo

7 de dezembro de 2022

Congresso declarou "incapacidade moral" e afastou o agora ex-chefe de governo que tentou dissolver o Parlamento. Advogada de 60 anos se torna primeira mulher presidente do país andino desde a sua independência.

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Peru I Vereidigung der peruanischen Vizepräsidentin Boluarte
Foto: Sebastian Castaneda/REUTERS

Pouco depois de o Congresso peruano destituir o presidente Pedro Castillo por "incapacidade moral", a vice Dina Boluarte prestou juramento e assumiu a presidência do país nesta quarta-feira (07/12).

"Assumo em acordo com a Constituição do Peru, deste momento até 26 de julho", disse Boluarte no Parlamento, se referindo à data em que se encerraria o mandato de Castillo. A advogada esquerdista de 60 anos se tornou a primeira mulher a governar o país desde a sua independência, em 1821.

Boluarte convocou todas as forças políticas a firmarem uma trégua e se comprometeu a lutar pelos "ninguéns e excluídos" no país.

O Congresso destituiu Castillo horas após o então presidente anunciar a dissolução temporária do Parlamento e a formação de um governo de emergência nacional. A medida foi anunciada horas antes de os congressistas iniciarem um debate sobre a abertura de um processo de impeachment contra ele.

O Congresso, em resposta, ignorou o decreto presidencial e logo em seguida votou pelo prosseguimento do processo de impeachment e para que Castillo fosse substituído pela vice-presidente, com o apoio de 101 de um total de 130 congressistas.

"Golpe de Estado ao estilo do século 20"

O presidente do Tribunal Constitucional do Peru, Francisco Morales, afirmou à emissora de rádio RPP que o país testemunhava um "golpe de Estado ao estilo do século 20". "É um golpe destinado ao fracasso, o Peru quer viver em uma democracia. Este golpe de Estado não tem base legal", disse.

Boularte foi eleita vice-presidente na mesma chapa que Castillo e atuou como ministra do Desenvolvimento e da Inclusão Social de seu governo. Pelo Twitter, ela havia rejeitado a iniciativa de Castillo, que chamou de "golpe de Estado", e disse que a medida iria "agravar a crise política e institucional que a sociedade peruana terá que superar com a estrita adesão às leis".

Castillo foi denunciado por corrupção em outubro pela procuradora-geral do Peru, Patricia Benavides, que o acusa de liderar uma suposta organização criminosa para fraudar licitações públicas.

Como o presidente peruano não podia ser julgado criminalmente, os promotores pediram a sua "suspensão" do cargo, uma medida sem precedentes.

"Acusações orquestradas"

Castillo nega as acusações e disse que estava em andamento "a execução de uma nova forma de golpe de Estado". Ele alega que as acusações são orquestradas e acusou alguns juízes de serem politizados.

Em novembro, milhares de pessoas foram às ruas  para exigir a sua renúncia e chegaram a 100 metros do Congresso, onde foram bloqueados pela polícia antimotim, que usou gás lacrimogêneo para dispersar o protesto. No mesmo dia, também ocorreu em Lima uma manifestação de apoio ao mandatário.

Ex-professor de escola rural e sem experiência anterior em cargos eletivos, o esquerdista Castilho teve uma vitória inesperada na eleição de 2021 contra a filha mais velha de seu antecessor, a candidata de direita Keiko Fujimori, mas detém minoria num Congresso fragmentado. Ele alterou sua equipe ministerial cinco vezes, o que acabou provocando paralisia em setores do governo.

rc (EFE, AFP)