Diretor interino do FBI contradiz Casa Branca sobre demissão
11 de maio de 2017O diretor interino do FBI, Andrew McCabe, contradisse a Casa Branca nesta quinta-feira (11/05) ao afirmar que o ex-diretor James Comey, demitido pelo presidente Donald Trump no início da semana, não havia perdido a confiança de seus subordinados antes de seu afastamento do órgão.
Casa Branca e FBI, uma relação de ódio e amor
McCabe participou de uma audiência no Comitê de Inteligência do Senado nesta quinta-feira, em meio a tensões no governo dos Estados Unidos após a demissão repentina de seu antecessor.
Questionado se os agentes do FBI não acreditavam mais em Comey, conforme afirmara a porta-voz adjunta da Casa Branca, Sarah Huckabee Sanders, para justificar a demissão, McCabe negou.
"O diretor Comey contava com amplo apoio dentro do FBI e ainda conta, até hoje. A grande maioria dos funcionários do FBI desfrutavam de uma conexão profunda e positiva com ele", disse o diretor interino, acrescentando que trabalhar com Comey foi "o maior privilégio" de sua vida profissional.
McCabe falou perante o comitê do Senado no lugar de Comey, dada sua demissão. A previsão era que o diretor discutisse sobre ameaças mundiais com outros diretores de agências americanas, incluindo CIA e NSA, mas o tema principal da audiência acabou sendo a saída de Comey.
A demissão levantou questões sobre os motivos de Trump. Sob o comando de Comey, o FBI iniciou uma investigação sobre uma possível intervenção da Rússia nas eleições presidenciais americanas de 2016, além de especulações sobre uma ligação entre Moscou e a campanha do republicano.
Investigação sobre ingerência russa
McCabe, por sua vez, classificou tal investigação como "altamente importante" dentro do FBI, contrariando outra declaração de Sanders, que havia diminuído a relevância da apuração.
O diretor interino garantiu ainda que não prestará informações à Casa Branca sobre os avanços da investigação. Também disse que, até o momento, não houve tentativas de interromper a apuração do FBI, mas se comprometeu a informar o Congresso caso o governo Trump tente fazê-lo.
"Em poucas palavras, não se pode impedir que os homens e mulheres do FBI façam o certo, protegendo o povo americano e a Constituição", afirmou McCabe diante dos senadores.
O presidente do Comitê, Richard Burr, questionou se o diretor interino alguma vez ouviu Comey dizer a Trump que o presidente não era alvo de investigação, mas ele se negou a responder, afirmando que se trata de uma investigação em andamento.
Nesta quinta-feira, em entrevista à emissora NBC News – a primeira desde a demissão de Comey –, Trump confirmou ter perguntado ao então diretor sobre a investigação. "Eu disse: 'Se for possível, você pode me informar se estou sendo investigado?', e ele disse: 'Você não está sendo investigado'."
Com tal declaração, o presidente repete o que já havia dito na carta de demissão a Comey no início da semana, quando escreveu que o então diretor havia lhe informado, em três ocasiões diferentes, que ele não estava sendo investigado pelo FBI sobre possível conexão com a Rússia antes da eleição.
Trump: "A decisão foi minha"
Na mesma entrevista, Trump ainda pareceu minimizar a explicação inicial da Casa Branca de que ele teria demitido Comey por recomendação de altos funcionários do Departamento de Justiça, incluindo o procurador-geral dos Estados Unidos, Jeff Sessions.
"O FBI vivia num tumulto. Eu iria demitir Comey. A decisão foi minha. Eu iria demiti-lo independente de qualquer recomendação", disse o presidente à NBC News.
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