Divergências
16 de setembro de 2010A polêmica deportação de membros da etnia rom da França movimentou o encontro de cúpula dos chefes de governo dos países da União Europeia, nesta quinta-feira (16/09), em Bruxelas. A reunião foi marcada por um confronto aberto entre o presidente francês, Nicolas Sarkozy, e o presidente da Comissão Europeia, José Manuel Durão Barroso.
Segundo relatou o primeiro-ministro búlgaro, Bojko Borissow, ambos protagonizaram uma "violenta troca de ofensas". Diante dos representantes dos países da UE, Sarkozy teria afirmado que "a Comissão Europeia ofendeu a França". De acordo com o premiê búlgaro, o presidente francês teria revidado todas as críticas contrárias à deportação dos migrantes roma. A Comissão da UE acusa o país de ter possivelmente desrespeitado as normas do bloco e ameaça punir Paris.
A divergência se agravou depois da declaração da comissária da Justiça, Viviane Reding, que, na última terça-feira (14/09), havia se posicionado claramente contra Sarkozy, ao traçar paralelos entre a sua política atual e o período nazista na Alemanha.
Durante o bate-boca, Barroso disse que vai proteger os tratados da União Europeia e que a Comissão não se deixará desviar de seu trabalho. Desde que o debate sobre o tema começou, essa foi a primeira vez que Barroso abordou o assunto com mais veemência, ao afirmar que a discriminação contra minorias étnicas dentro do bloco é "inaceitável".
Nicolas Sarkozy rebateu as críticas, afirmando que a França não discriminou os roma e que, durante a operação de desmantelamento dos acampamentos ilegais, a maioria dos detidos eram cidadãos franceses.
"Mais de 500 acampamentos clandestinos foram destruídos em agosto e dois terços dos migrantes da etnia rom eram fraceses. Isso prova que não houve discriminação alguma", afirmou o presidente francês.
Em pauta
Discussões à parte, a União Europeia decidiu firmar um acordo de livre comércio com a Coreia do Sul, considerado dos mais arrojados que o bloco já negociou com outros países. "Esta é a primeira geração de acordos comerciais bilaterais, que deixará a Europa e a Ásia mais próximas, com um vínculo econômico ainda mais estreito", salientou o ministro belga de Relações Exteriores, Steven Vanackere.
O acordo deverá ser formalmente assinado em um encontro marcado para o próximo 6 de outubro, e passará a vigorar a partir de julho de 2011. A aprovação por parte dos 27 Estados-membros foi obtida mesmo com a hesitação inicial da Itália.
Segundo informações da União Europeia, o acordo deve gerar um volume de exportações de cerca de 19 bilhões de euros para produtores europeus. Em 2009, as negociações entre Coreia do Sul e UE chegaram a 53 trilhões de euros.
A UE busca, há tempos, firmar um pacto econômico com o país asiático, pretendendo fazer isso antes, inclusive, que os Estados Unidos o fizessem. Segundo informaram diplomatas, Catherine Ashton, ex-comissária de Comércio e atual chefe da diplomacia da UE, conduziu longas negociações com a Itália para obter o apoio do país para a aprovação do acordo.
Paquistão
Os ministros de Relações Exteriores dos países do bloco pediram que a UE reforçasse as relações comerciais com o Paquistão, como forma de ajudar o país a se recuperar após as enchentes. A estratégia deve fortalecer ao orçamento paquistanês.
A UE deve reduzir temporariamente as taxas alfandegárias de alguns produtos, ainda a serem definidos. Alguns membros do bloco temem, no entanto, que isso prejudique a indústria têxtil dos países europeus.
NP/dpa/afp/rts/lusa
Revisão: Soraia Vilela