Disputa por entradas e pelo gol na Eurocopa
14 de janeiro de 2004A Alemanha está entrando na reta final para a Eurocopa em Portugal. Nesta quarta-feira, a Federação Alemã de Futebol (DFB) começa a receber as encomendas de entradas para os jogos de sua seleção no campeonato europeu, de 12 de junho a 4 de julho. Entretanto, os ingressos fornecidos pela Uefa deverão ser pouco para a demanda, a exemplo do torneio de 2000 na Holanda e Bélgica. Assim como daquela vez, a DFB optou por, primeiro, registrar os candidatos à compra dos ingressos, e depois sorteá-los entre os inscritos.
A maior demanda deverá ser pelo jogo de estréia da Seleção Alemã, contra os rivais holandeses, no Porto, a 15 de junho. Somente 8760 entradas foram colocadas à disposição da torcida germânica. Para o segundo jogo, contra a estreante Letônia, também no Porto, no dia 19 de junho, serão 5747 ingressos. E, para a última partida da primeira fase, em 23 de junho, em Lisboa, contra a República Tcheca, a DFB poderá distribuir 8966 lugares.
Vinte e cinco porcento dos ingressos já estão de antemão reservados para os clubes da Bundesliga, as federações regionais, patrocinadores e parceiros da DFB. Mil entradas serão encaminhadas à torcida organizada da Seleção Alemã. A venda direta aos torcedores priorizará os interessados em adquirir um dos dois pacotes comercializados pela federação.
O primeiro inclui os três jogos da primeira fase, com preços variando de 105 a 300 euros, conforme a localização no estádio. O outro dá direito às quartas-de-final, semifinais e final, desde que a equipe do técnico Rudi Völler as dispute. Neste caso, o torcedor terá de desembolsar de 175 a 565 euros. A DFB não pode vender ingressos para partidas sem a Seleção Alemã.
Briga pela vaga de goleiro
Se a federação optou por usar um sorteio para definir que torcedores poderão ir a Portugal acompanhar o selecionado nacional, Völler terá de usar outro método para evitar um conflito com e entre seus goleiros. Ex-arqueiro do Borussia Dortmund e hoje do Arsenal de Londres, Jens Lehmann cansou da reserva após seis anos sentando no banco. "Eu gostaria muito de jogar a Eurocopa e estou convencido de que lá estarei no gol", declarou o jogador de 34 anos ao jornal Ruhr Nachrichten.
Dificilmente, entretanto, Völler abrirá mão de Oliver Kahn, do Bayern de Munique, também de 34 anos. É verdade que o craque da Copa do Mundo de 2002 não tem repetido o mesmo desempenho daquela época, e seu comportamento vem lhe causando danos à imagem. Mas Lehmann também não está com cacife para desbancar o titular, que ainda goza do status de capitão do time.
Maiores chances teria Timo Hildebrand de ser alçado ao posto de primeiro reserva da Seleção Alemã. Integrante do selecionado nacional Team 2006, o goleiro do Stuttgart é cotado para suceder Oliver Kahn. O jogador de 24 anos vem se destacando na atual temporada. Superou com folga o recorde de Kahn de mais tempo sem tomar gol na Bundesliga (884 minutos) e se tornou o primeiro goleiro da história do Campeonato Alemão a terminar o primeiro turno com apenas sete gols tomados. Sem querer atrito com o intocável Kahn, Hildebrand afirma aspirar à posição de titular no gol da Seleção Alemã somente após o mundial de 2006.
Preocupação com hooligans, não com terroristas
Em Portugal, quem não se entende são as autoridades de segurança. Policiais e bombeiros reclamam de atraso nos preparativos, enquanto o presidente da Comissão de Segurança da Eurocopa 2004 garante que tudo corre dentro do cronograma.
"Comunicação? Tudo o que temos são nossos celulares", diz José Manageiro, presidente da Associação dos Profissionais da Guarda Nacional Republicana. "Não sabemos nem de quantos veículos vamos precisar para os jogos", afirma Fernando Curto, presidente da Associação Nacional dos Bombeiros Profissionais. Eles denunciam ainda a redução do número de médicos previstos para o evento e a inexistência de exercícios preparativos. Responsável pela segurança, o general Leonel de Carvalho assegura não haver qualquer problema "incomum" e que o cronograma está em dia.
O general diz temer mais hooligans do que terroristas. "Não há qualquer alerta de ação terrorista na Eurocopa e nunca na história do futebol houve ataques terroristas", justifica. "Estamos preocupados com a segurança dos times e nos concentraremos no trabalho com os torcedores e as multidões. Há sempre uma minoria que usa estas oportunidades para promover a violência", afirma o general.