Desigualdade social
18 de maio de 2009
Em termos sociais, a Alemanha está cada vez mais dividida. Em certas regiões do Leste Alemão, as cotas de pobreza são até quatro vezes mais altas do que no sul do país. Isso é o que revela o "atlas da pobreza" recém-publicado pela Paritätischen Gesamtverband, uma federação de organizações alemãs de beneficência pública e ajuda social.
Segundo a publicação, a Pomerânia Ocidental é a mais carente região alemã; 27% dos cidadãos ali residentes vivem no limite ou abaixo do nível de pobreza alemão. Nas imediações da Floresta Negra, no sul do país, esse índice só chega a 7,4%.
Pacotes conjunturais agravaram discrepância
O diretor da federação, Ulrich Schneider, apresentou o atlas nesta segunda-feira (18/05), criticando a crescente discrepância social e regional no país. Para ele, esse quadro foi agravado ainda mais pelas medidas fiscais tomadas para aliviar o contribuinte e pelo mais recente pacote conjuntural, que prevê – entre outras coisas – um bônus pago pelo Estado a quem quiser se desfazer de seu carro e comprar um novo. Para Schneider, investimentos como esses passam absolutamente ao largo das camadas pobres da população.
Diante de condições de vida pouco igualitárias, seria necessário tomar uma atitude imediata, exige Schneider. Ele também reivindica a elevação da ajuda social de 351 para 440 euros e o direcionamento mais preciso dos programas conjunturais para as necessidades de cada região.
Segundo a definição técnica, "pobre" é quem dispõe de menos de 60% da renda média. Isso corresponde a 764 euros mensais para solteiros e 1.376 euros por mês para casais sem filhos.
O atlas da pobreza, elaborado em contato com os departamentos de estatística do governo e baseado em informações de 2007, confirma que a cota de pobres é grande sobretudo em regiões com alto índice de desemprego.
Nos estados do leste, o índice de pobreza varia entre 17,5% em Berlim e Brandemburgo e 24,3% em Mecklemburgo-Pomerânia Ocidental. Nos estados de Baden-Württemberg e da Baviera, o índice é respectivamente de 10% e 11%. A média nacional de pobreza é de 14,3%, mas a discrepância entre o oeste (12,9%) e o leste (19,5%) é nítida.
Para romper o ciclo da pobreza
Schneider alertou para o perigo de um "círculo vicioso do empobrecimento" em regiões com grande evasão populacional. Sua principal crítica é a de que os recursos federais de 10 bilhões de euros, liberados como investimento no futuro, não chegaram às mãos certas: um terço dessa quantia foi destinada aos três estados com as menores taxas de pobreza do país.
Quanto à distribuição da pobreza, a Alemanha está dividida em três partes, aponta o estudo: entre os países do leste, com as mais altas taxas, e os estado de Baden-Württemberg, Baviera e Hessen, com as menores, se estende um espectro intermediário desde o Sarre até Schleswig-Holstein.
Nos estados correspondentes à antiga Alemanha Oriental, o atlas indica não só altas taxas de pobreza, como também uma distribuição homogênea da mesma. Quanto a discrepâncias dentro de uma única região, o quadro mais drástico é o do estado da Baixa Saxônia, onde a cota de pobreza oscila entre 12,4% e 20,3%.
SL/dpa
Revisão: Rodrigo Abdelmalack