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Diálogo do Clima reúne representantes de 35 nações em Berlim

Maryan D'Ávila Bartels6 de maio de 2013

Merkel propõe acordo internacional para redução do efeito estufa, a ser implementado a partir de 2020. Europa ainda é pioneira, mas apoio de parceiros internacionais é crucial para proteção do clima, diz premiê.

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Foto: picture-alliance/dpa

"Não tenho ilusões sobre o volume de trabalho que ainda há pela frente", declarou a chanceler federal alemã, Angela Merkel, no discurso de abertura do Diálogo do Clima de Petersberg, nesta segunda-feira (06/05), em Berlim. A conferência reúne 35 nações na busca de soluções para a proteção do clima global. Juntos, esses países participantes são responsáveis por 80% da produção mundial de gases do efeito estufa.

Merkel propôs que até 2015 seja firmado um acordo climático global vinculativo, com o fim de evitar que o aquecimento global supere os 2°C em relação à era pré-industrial. O documento deveria entrar em vigor a partir de 2020, estipulando para mais de 190 países uma meta de redução obrigatória das emissões de gases-estufa. A chefe de governo enfatizou que "esperar não é uma opção" e que não fazer nada acabará saindo, no total, "muito, muito mais caro" do que reagir.

Petersberger Klimadialog 2013
Diálogo do Clima reuniu 35 nações em BerlimFoto: Reuters

Golpes na luta contra o efeito estufa

Em termos de proteção do clima global, nos últimos tempos a Europa tem feito mais retrocessos do que apresentado vitórias. A queda dos preços dos créditos de emissão de dióxido carbono, por exemplo, é responsável por manter a lucratividade do carvão mineral como fonte de energia.

Até a Alemanha, autointitulada pioneira em termos da proteção do clima, registrou aumento de 2% das emissões de CO2 em 2012, pela primeira vez em muitos anos. Isso, apesar do avanço da energia solar e eólica no país.

Apesar desses dados negativos, Merkel observou que considera "totalmente inadequado" afirmar-se que a Europa não é mais pioneira na proteção do clima. Tanto a Alemanha quanto a União Europeia desejam continuar esse papel, assegurou, mas sem novos parceiros internacionais a Europa nada conseguirá, apontou. Todos os países industrializados devem se comprometer a uma redução substancial de suas emissões de CO2, além de ajudar as nações mais pobres a igualmente contribuir nesse sentido, com tecnologias inovadoras e sem colocar em risco o crescimento econômico, insistiu.

A premiê lembrou, ainda, que há muitas iniciativas individuais relevantes no mundo, como a introdução do comércio de créditos de poluição na Califórnia, ou a coibição do desmatamento no Brasil. No entanto concluir um novo acordo internacional sobre o clima ainda é o começo de uma longa caminhada, afirmou.

Petersberger Klimadialog 2013
Da esq. para a dir.; ministros do Meio Ambiente Peter Altmaier e Marcin Korolec, ao lado da premiê MerkelFoto: Reuters

Merkel defendeu uma "reforma total" do sistema de comércio de certificados de CO2. Devido à crise financeira na UE, os preços dos certificados caíram, e com eles o incentivo em reduzir a emissão de gases-estufa. No entanto, quando se cria um instrumento de economia de mercado para o qual as taxas de crescimento econômico são "essenciais" – como é o caso do comércio de emissões –, "então não pode ser tabu a pergunta se não é possível revisá-lo".

Rumo à Polônia

Ainda defendendo a posição europeia como pioneira, a chanceler lembrou que os países da UE estão discutindo a possibilidade de elevar de 20% para 30% a meta de redução de emissões de CO2, até 2020. Assim se poderia aumentar a pressão sobre os demais países, para que façam mais nesse sentido. No entanto há resistência, sobretudo por parte da Polônia, que possui numerosas usinas termoelétricas a carvão.

No final de 2013, Varsóvia será sede da conferência climática da ONU. Segundo o ministro polonês do Meio Ambiente, Marcin Korolec, seu país faz bastante em prol do clima: mesmo havendo duplicado seu rendimento econômico, nos últimos 20 anos, a Polônia conseguiu reduzir em quase um terço suas emissões CO2.

Os Diálogos de Petersberg servem como preparativo para as conferências mundiais do clima das Nações Unidas. Os encontros devem seu nome ao local, nas proximidades da cidade alemã de Bonn, em que se realizaram pela primeira vez, em 2010.

MAB/dpa/afp/rtr