"documenta" 12 divulga temas e primeiros artistas convidados
14 de junho de 2006Em 16 de junho de 2007 será aberta a 12ª edição da documenta, a maior exposição de arte contemporânea do mundo. Ela acontece a cada cinco anos na cidade de Kassel, ao norte do estado alemão de Hessen.
Também chamada de "Museu dos 100 Dias", por abrir suas portas ao público durante justos 100 dias, a documenta 12 tem o curador e teórico da arte Roger M. Buergel como diretor artístico. Pelo fato de ele haver até então circulado mais em Lüneburg, Hannover ou Bremen do que em Paris, Nova York ou Londres, a escolha do berlinense de 44 anos para a direção da maior vernissage do mundo foi uma sensação em 2003.
A lista de artistas escolhidos para expor em Kassel deverá ser divulgada somente em novembro. Diferente dos antecessores, Roger Buergel já anunciou, entretanto, alguns nomes que participarão da próxima documenta.
Modernidade, existência e educação
Um ano antes do início da exposição, seu diretor discute possíveis nomes e temas com 70 revistas especializadas em arte, de todo o mundo. Apesar da internacionalidade da mostra, nem todos os países estarão representados. Buergel quer limitar em cerca de 100 o número de artistas convidados, possibilitando assim que sejam vistos mais trabalhos de cada um.
Segundo Buergel, uma de suas intenções é voltar às origens da documenta, fazendo referência a seu caráter pedagógico. A primeira documenta, organizada pelo professor e designer Arnold Bode em 1955, quis mostrar ao público os artistas modernos perseguidos e proibidos pelos nazistas.
Modernidade e existência compõem, juntamente com a arte como forma de educação, o tripé sobre o qual se apóia conceitualmente a exposição organizada por Buergel para 2007. Segundo o diretor artístico, a documenta 12 deverá se orientar por três leitmotivs: "A Modernidade é a nossa Antigüidade? O que finalmente é a vida? O que fazer?".
Brasileiro entre os primeiros nomes
O que será visto em Kassel, em 2007, ainda é segredo. O próprio diretor afirmou que a escolha de certos nomes, não conhecidos da cena artística internacional, surpreenderá ao público. Todavia, Buergel já divulgou alguns dos participantes, em fevereiro deste ano.
Entre eles, está o brasileiro Ricardo Basbaum, que organizará um projeto de esculturas. O paulista nascido em 1961 foi um dos colaboradores do livro The next documenta should be curated by an artist, de 2004.
A inglesa Imogen Stidworthy irá expor um trabalho acústico. À lista pertencem ainda um astro da gastronomia espanhola, o chef de cuisine Ferrán Adriá, e o polonês Artur Zmijewski, na regência de um coral de deficientes auditivos.
A versão regida por Zmijewski da cantata Jesu, der du meine Seele, de Johann Sebastian Bach, é uma catástrofe, mas obriga o espectador a questionar a obra de arte, afirma Ruth Noack, também curadora da mostra. Roger Buergel comenta que a documenta 12 deverá "sondar os limites do suportável". Como exemplo, cita o projeto com os deficientes auditivos e as criações gastronômicas nada ortodoxas de Adriá.
Buergel promete, apesar das considerações teóricas, uma exposição que poderá ser compreendida por todos. O curador é conhecido pelo seu sentimento estético e, se tomarmos a Documenta como termômetro da arte, podemos esperar que a tendência estética se sobreponha à conceitual, no mundo artístico dos próximos anos.
A documenta 12 estará aberta de 16 de junho a 23 de setembro de 2007 em Kassel.