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Dos anos 90 até hoje

A cultura de clubes e DJs e a música eletrônica marcaram toda a década de 90. Até que, a partir do ano 2000, inúmeras bandas alemãs começaram a redescobrir o pop e o rock, conquistando um público mais jovem.

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Foto: dapd

Desde o final da década de 80, a música popular alemã vinha acompanhando o vertiginoso desenvolvimento da música eletrônica e das novas formas de produção musical. Clubes e casas noturnas tornaram-se centros de difusão de uma nova cultura musical que está associada, por um lado, à música para dançar e, por outro, à expressão de novas identidades culturais.

A música de DJs desenvolveu-se na Alemanha vinculada ao culto de personalidades e identidades capazes de mobilizar as massas. Alguns deles já estavam ativos desde a década de 80, como Sven Väth e Westbam. Este último é o primeiro DJ a exprimir a tendência de uma subcultura ligada a um contexto político de esquerda.

Sven Väth
Sven VäthFoto: Presse

A música dos DJs reflete também diferenças regionais: Tanith em Berlim, expressão de uma cidade marcada pela queda do Muro; Hooligan da Região do Ruhr, centro industrial; Hell de Munique, cidade da moda; e a turma de Frankfurt – Väth, Marc Spoon, Dag – caracterizada por um certo misticismo.

Mas principalmente em Berlim desenvolveu-se uma forte cena tecno, uma vez que a cidade reunificada oferecia inúmeros galpões, edifícios vazios e fábricas desativadas que serviam de cenário ideal para as festas rave.

A música da banda cult alemã Kraftwerk é uma referência do movimento tecno, que se desenvolveu nos Estados Unidos, sobretudo em Detroit. Na Alemanha, um importante impulso foi dado em 1989 com a Love Parade, o desfile anual que chegou a atrair mais de 1 milhão de pessoas em seus anos áureos, em meados da década de 90.

Gruppe Tiefschwarz
TiefschwarzFoto: Axel Jansen

Além disso, o tecno alemão apóia-se em referências da música eletrônica de base erudita de pioneiros como o compositor Karlheinz Stockhausen (1928–2007), guru da vanguarda do tecno minimalista de Colônia.

Hoje em dia, a Alemanha continua sendo uma das principais referências em música eletrônica, com bandas como Egoexpress, Tiefschwarz, Apparat e Isolée, além de outras mais recentes, como o duo berlinense Modeselektor.

Hiphop & Reggae

Inicialmente inspirado pela música dos guetos negros norte-americanos, o hiphop em alemão só chegou a se estabelecer nos anos 90, a fim de expressar os problemas das camadas sociais desfavorecidas. Em 1991, as portas da indústria cultural se abriram e o grupo Fantastische Vier conquistou as paradas de sucesso com o hit "Die da", inserindo o hiphop na normalidade.

Die fantastischen Vier
Die fantastischen VierFoto: AP

Depois do caminho aberto pelo Fanta4, o hiphop alemão não parou de crescer e conquista hohe um espaço cada vez maior no gosto dos ouvintes alemães. Outras bandas seguiram a trilha por eles deixada, entre elas o Fettes Brot ("Nordisch By Nature", “Schwule Mädchen”, “Emanuela”) e o Deichkind (“Limit”, “Remmidemmi”), este último se destacando pela mistura mais dançante entre hiphop e electro.

Mais tarde, artistas mulatos e negros, como Afrob, Samy Deluxe e o popular cantor de blues Xavier Naidoo, passaram a questionar em suas músicas a violência, o racismo e as dificuldades enfrentadas pela população de imigrante nas grandes cidades da Alemanha.

Bushido
BushidoFoto: universal

A partir de 2000, o hiphop alemão começou a trocar seu bom humor ácido e politizado por letras agressivas e atitude machista. Principalmente os artistas representados pelo selo Aggro Berlin, como Fler e Sido, tornaram-se alvos fáceis para a mídia devido a letras polêmicas, sugestões de nacionalismo e acusações de racismo, misogenia e homofobia. Nessa mesma linha segue Bushido, atualmente o mais bem-sucedido rapper alemão.

Seeed
SeeedFoto: Timo Nasseri

Já quanto ao reggae, a coisa muda de figura. Com uma maneira muito menos infantil de abordar problemas sociais, o estilo ganhou a atenção da mídia e principalmente o carinho do público, que transformou artistas como o coloniano Gentleman e o combo multiétnico berlinense Seeed em atracões concorridas, cujos shows se transformam em verdadeiras festas.

A redescoberta do rock

Rammstein Live DVD Völkerball
Rammstein ao vivoFoto: Frédéric Batier

Em meados dos anos 90, a banda Rammstein iniciou uma trajetória de sucesso internacional ao misturar guitarras pesadas e batidas eletrônicas. O estouro veio ao ser incluída na trilha sonora de filme "Lost Highway", do diretor norte-americano David Lynch. Na Alemanha, no entanto, muito da atenção obtida pela banda deve-se ao caráter controverso de suas letras e à estética fachistóide de suas apresentações ao vivo.

Também nos anos 90, o Blumfeld ("Die Diktatur der Angepassten") e os hamburgueses do Tocotronic ("Mein Ruin", "This Boy Is Tocotronic") alcançaram grande ressonância ao investir num pop conceitual, com letras pensadas e sonoridade mais bem construída.

Mas, a partir do ano 2000, o rock e o pop viveram uma verdadeira explosão, com uma miríade de bandas jovens conquistando espaço em rádios comerciais e reavivando a esperança de grandes e pequenas gravadoras, alarmadas pelo aumento do download ilegal de música via internet.

Wir sind Helden 2007
Wir sind HeldenFoto: Sven Sindt

Seguindo a linha do rock universitário, diversas outras bandas conseguiram conquistar uma base sólida de fãs. Pioneiro foi o grupo Wir sind Helden, que desde o lançamento de seu primeiro single, "Guten Tag", vem colecionando sucessos. A banda Juli, de Hessen, despontou no verão de 2004 com o enorme hit "Die perfekte Welle", e o Silbermond, da Saxônia, seguiu a mesma linha, com hits como "Durch die Nacht" e "Symphonie", ambas apostando num pop melódico com vocal feminino.

O Sportfreunde Stiller ("Heimatlied") também conquistou o público jovem com um pop simples, à base de guitarra, baixo, teclado e bateria, cujas letras despretensiosas falam de coisas cotidianas e... futebol! Nada mais apropriado que os três fãs do esporte tenham composto a trilha sonora não oficial da Copa do Mundo de 2006 com a música "'54, '74, '90, 2006".

Mia
MiaFoto: h.flug

Duas outras bandas berlinenses despontaram no universo pop alemão, decididas a resgatar a herança da Neue Deutsche Welle: os veteranos do 2raumwohnung ("Sexy Girl", "Wir trafen uns in einem Garten") começaram fazendo propaganda para uma marca de cigarro e já gravaram até um álbum de Bossa Nova em alemão. E o Mia ("Hungriges Herz", "Tanz der Moleküle"), que no princípio tentou pegar carona na imagem de Berlim como metrópole cool, hoje se estabeleceu como uma das bandas mais criativas do país, com um pop dançante adornado com elementos eletrônicos.

Tokio Hotel bei der Echo- Verleihung
Tokio HotelFoto: AP

Mas também não faltaram imitações de Britney Spears, jovens garotas como Sarah Connor ("Bounce", "From Zero to Hero") e Jeanette Biedermann ("Rock My Life", "Rockin' On Heaven's Floor"), que usam de coreografias e figurinos típicos de garotas colegiais norte-americanas, num estilo voltado ao público adolescente.

Também o Tokio Hotel, um quarteto de garotos pubertários, explodiu na Europa inteira, conquistando o coração principalmente do público feminino adolescente com hits como "Durch den Monsum" e "Spring nicht". A popularidade dos meninos é tão grande, que fez aumentar até o interesse pelo ensino do idioma alemão em diversos países europeus.