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Doze cordas mágicas brasileiras

Augusto Valente13 de junho de 2003

Em entrevista exclusiva à DW-WORLD, o violonista Sérgio Assad revelou detalhes do trabalho com o "superstar" Yo Yo Ma. E os planos para o futuro de seu duo com o irmão Odair.

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Odair e Sérgio (dir.) Assad transitam entre o erudito e o popularFoto: GHA records

O concerto desta quinta-feira (12) na Filarmônica de Colônia baseou-se no repertório da mais recente colaboração fonográfica entre o Duo Assad e o violoncelista Yo Yo Ma, apresentando um painel (forçosamente parcial) da música brasileira. Segundo o brasileiro Sérgio Assad é até possível que este CD seja apenas o primeiro de uma série, já que o terreno a ser explorado é imenso, assim como o interesse do superstar do cello pelos sons tupiniquins.

Os violonistas Sérgio e Odair – eles próprios ícones da música erudita internacional – conheciam Yo Yo Ma desde o projeto Piazzolla: Soul of Tango. Sérgio não poupa elogios ao músico de origem asiática: "Além de ser uma pessoa maravilhosa, ele tem uma avidez de aprender impressionante. Ele entra nos projetos com muita atenção. O resultado final dos discos é ótimo!"

Sérgio Assad acredita que para fazer a música de um país em particular é preciso também viver um pouco de sua cultura. Mas o "sotaque" permanece: o tango de Piazzolla terá sempre um sotaque brasileiro em suas mãos.

E a colaboração com Ma e companhia confirmou o mito do inimitável swing brasileiro. Em certas ocasiões nos ensaios, o duo de violonistas assumia naturalmente a direção musical, procurando transmitir por demonstração aquilo que extrapola as possibilidades da notação musical. De um modo geral, o idioma musical não é algo que se aprenda do dia pela noite, lembra o instrumentista brasileiro.

O interesse pelos sons "made in Brazil"

Os Assad perceberam a penetração da música brasileira no exterior logo após a vinda para a Europa, em 1983. Influenciados por sua formação clássica, que proibia a "miscigenação" com o popular, eles reservavam apenas uma pequena parcela de seus concertos a obras como as de Hermeto Paschoal e Radamés Gnattalli, assim como aos standards do chorinho. Porém era aí que o público "vinha abaixo". Isso os levou a reavaliar a doutrina, dando novo destaque ao produto nacional.

Sérgio reconhece que o espaço internacional reservado ao repertório erudito brasileiro – moderno e contemporâneo – é extremamente limitado. Grandes nomes como Marlos Nobre, Edino Krieger – ou mesmo Villa-Lobos – só aparecem ocasionalmente nos programas de concerto, e quase sempre com a função de fornecer um toque "diferente" ou "exótico".

Para Sérgio, o contato com a pátria permanece importante: "A ligação é mais forte do que nunca, agora que parece que o Brasil pode dar certo! Nós estamos torcendo." Independente de futuras colaborações com o atual grupo, o duo Assad tem pelo menos dois projetos apaixonantes em mira. Um – ainda na fase "de namoro" –, seria explorar, juntamente com Paquito D’Rivera ("uma amizade instantânea!"), as raízes comuns das músicas brasileira e cubana.

O outro – com turnê pelos Estados Unidos já marcada para 2004 – reunirá todo o clã musical dos Assad: da mãe – "uma cantora fantástica"–, e o pai – que "sempre tocou bandolim muito bem" – a duas cantoras, uma pianista e um guitarrista de rock da mais nova geração. Enfim: "Está cheio de músico na família".