Negócios 'verdes' à vista
16 de março de 2009A Ecogerma viu mais de 30 mil pessoas passarem pelos estandes onde as mais novas tecnologias "verdes" alemãs estavam expostas. A primeira feira de negócios voltada para tecnologias sustentáveis no Brasil e na Alemanha, encerrada neste domingo (15/03) em São Paulo, atraiu empresários e representantes de entidades de pesquisa dos dois países – mas também estudantes e curiosos.
O sucesso de público foi além das expectativas dos organizadores, conta Ricardo Rose, diretor de Meio Ambiente e Sustentabilidade da Câmara de Comércio e Indústria Brasil-Alemanha (AHK) de São Paulo. Rose comemora o "ambiente fértil para plantar ideias e estabelecer parcerias" proporcionado pelo evento e previu que os frutos sejam colhidos ao longo do próximo ano.
"Nossa estimativa inicial era que o evento gerasse R$ 200 milhões em novos negócios, mas pode ser até mais do que isso", diz ele, com base no sucesso da rodada de negócios que reuniu empresários e representantes de entidades de pesquisa do Brasil e da Alemanha no sábado.
Onda de investimentos verdes
A AHK São Paulo detecta uma nova direção nos investimentos alemães no Brasil, agora atraídos pelo potencial de mercado das tecnologias verdes. Segundo Rose, quando se contempla os investimentos alemães sob o ponto de vista histórico, percebe-se diferentes tendências – na década de 50, uma onda de investimentos na indústria automobilística e metalúrgica; nos anos 60, fortes investimentos da indústria química.
"A tendência agora é realmente serviços e produtos realizados com as green technologies. Esse é o novo segmento que a Alemanha deverá seguir aqui no Brasil", avalia Rose, apoiado por pesquisa da consultoria Roland Berger, que estima que o setor vá crescer entre 5% e 7% ao ano no Brasil até 2020.
Entre os setores que devem entrar com mais força no Brasil nos próximos anos, na estimativa de Rose, estão o de gestão de resíduos. "O Brasil ainda tem certas deficiências em tudo que se relaciona à gestão de resíduos, e aqui empresas e instituições de pesquisa apresentaram novidades na área", avalia.
Outros setores da lista são o de aproveitamento de biomassa ("A Alemanha tem uma vasta experiência, o Brasil tem uma grande disponibilidade de biomassa, mas isso ainda pode ser explorado muito mais") e a área de tratamento de água. "Para esse setor foram apresentadas tecnologias bastante novas e avançadas, que têm uma grande chance de serem implementadas no Brasil”, afirma Rose.
Alemanha quer 'Ecogermas' em outros países
Também no setor de energia eólica se espera crescimento para os próximos anos, com uma licitação do Ministério das Minas e Energia prevista para 2009. "Isso está criando uma grande expectativa do mercado e atraindo a atenção de empresas alemãs."
O sucesso da Ecogerma deverá ter bis – segundo Lars Grabenschröer, vice-presidente de Vendas e Marketing da AHK São Paulo, a feira terá uma segunda edição, provavelmente em 2010. Mas o conceito também será ampliado para promover eventos menores com o uso da marca.
Se a Ecogerma em São Paulo abrangeu seis campos amplos de atuação – indústria, energia, tecnologias ambientais, infraestrutura, alimentos e agricultura, pesquisa e desenvolvimento – a partir do ano que vem serão promovidos eventos individuais para essas áreas, em regiões do país onde outras Câmaras de Comércio e Indústria Brasil-Alemanha estão presentes.
Além disso, o conceito poderá ser exportado para outros países: "Falamos com o Ministério do Meio Ambiente da Alemanha e eles querem adaptar o conceito da Ecogerma, mantendo esse nome para promover eventos semelhantes em outros países", comemora Grabenschröer.
Visão de futuro premiada
O encerramento do evento foi marcado pela entrega do Prêmio Ecogerma, que contemplou os melhores trabalhos de estudantes – do ensino fundamental à universidade – que respondessem à pergunta "Como será o mundo em 2050?". O prêmio contou com 863 trabalhos inscritos, de estudantes de escolas públicas e particulares.
Uma das vencedoras foi a jovem Luiza Ripper, de 9 anos, que cursa a 3ª série no Colégio Visconde de Porto Seguro. Ela fez uma maquete intitulada "Só depende de nós": de um lado, um mundo de árvores mortas, prédios cinza e morros sem vida; do outro, um mundo repleto de verde e azul, com moinhos de energia eólica margeando a cidade e até um pico nevado. "Se a gente deixar a neve toda derreter é porque a gente não está cuidando do mundo e os níveis da água vão subir", explicou ela.
Também do Porto Seguro, Marina Stavarengo Schreen, de 8 anos, foi premiada por um desenho que retrata a esperança num mundo melhor para as gerações futuras. "Pensei numa mulher que está esperando uma filhinha e que imagina um mundo muito muito melhor para ela", contou Marina – sem negar que essa mulher esperançosa possa vir a ser ela própria no futuro.
Autora: Júlia Dias Carneiro
Revisão: Alexandre Schossler