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Economia alemã deve encolher 5,4% em 2020, dizem institutos

14 de outubro de 2020

Principais institutos econômicos do país revisam para baixo o declínio da economia alemã previsto para este ano e reduzem expectativa de crescimento para 2021. Desemprego deve aumentar em decorrência da pandemia.

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Funcionário ao lado de grandes máquinas em uma fábrica. Ele está com o braço apoiado em uma das máquinas.
Nível de atividade econômica pré-crise não deverá ser alcançado antes do final de 2021 Foto: Daniel Karmann/dpa/picture-alliance

A crise econômica provocada pela pandemia de covid-19 está afetando a Alemanha com mais força do que havia sido previsto. Em seu relatório de outono, os principais institutos de pesquisa econômica do país revisaram para baixo as previsões para este e para o próximo ano.

Em abril, os institutos haviam previsto uma queda do Produto Interno Bruto (PIB) de 4,2% neste ano e uma alta de 5,8% no próximo. Agora, eles esperam que o PIB recue 5,4% em 2020 e avance 4,7% em 2021. Para 2022, a previsão de crescimento é de 2,7%.

O diagnóstico conjunto dos institutos é elaborado duas vezes por ano, a pedido do Ministério da Economia, na primavera e no outono europeus. Participam o Instituto de Economia Mundial (IfW), de Kiel; o Instituto Alemão de Pesquisa Econômica (DIW); os Institutos Leibniz de Pesquisa Econômica de Halle (IWH) e Essen (RWI); e o Instituto Ifo, de Munique.

A razão para a avaliação mais pessimista é que os institutos agora estimam que o processo de recuperação será um pouco mais fraco do que havia sido previsto na primavera. "Grande parte da queda da primavera [europeia] já foi compensada, mas o restante do processo de recuperação representa a jornada mais árdua de volta à normalidade", disse Stefan Kooths, diretor econômico do IfW.

A recuperação será mais difícil para setores particularmente dependentes do contato social, como gastronomia, turismo, eventos e transporte aéreo. "Esta parte da economia alemã sofrerá com a pandemia por muito tempo e só participará do processo de recuperação quando as medidas de proteção contra infecções forem amplamente abolidas, o que não esperamos até o próximo verão [europeu]", disse Kooths.

A recuperação também depende em grande parte da retomada das exportações, que foram afetadas de forma particularmente drástica durante a crise. O nível de de atividade econômica pré-crise não deverá ser alcançado antes do final de 2021. 

Para Kooths, os efeitos reais da pandemia de coronavírus sobre a economia ainda são incertos, já que é difícil prever quais serão os danos de longo prazo e qual será o impacto de políticas econômicas de resposta à crise.

Alta no desemprego

A crise também deixou marcas claras no mercado de trabalho. Cerca de 820 mil empregos foram perdidos até o meio do ano. Desde então, o número de pessoas empregadas aumentou ligeiramente, mas o nível anterior à crise só deve ser alcançado em meados de 2022. A taxa de desemprego deve aumentar para 5,9% neste e no próximo ano e cair para 5,5% em 2022.

Os programas de estímulo econômico, que auxiliaram milhares de famílias a manter a estabilidade durante a crise, significaram um déficit no orçamento público geral de 183 bilhões de euros.

De acordo com os institutos, o maior risco às previsões é o rumo incerto da pandemia. Intensificação ou afrouxamento de medidas restritivas afetam diretamente os rumos da economia e a incerteza quanto a isso dificulta traçar prognósticos.

O ministro da Economia, Peter Altmaier, ressaltou que "a desaceleração deste ano é menos dramática do que se temia inicialmente". Em abril, o governo chegou a prever uma queda na economia de 6,3%.

O ministro das Finanças, Olaf Scholz, também falou de "boas perspectivas" ao se referir ao relatório de outono dos institutos econômicos. "A recuperação está chegando porque reagimos rapidamente e com vigor à drástica crise econômica", disse.

Scholz advertiu, porém, que a recuperação pode "desaparecer muito rapidamente", razão pela qual todos devem ajudar a manter o número de infecções sob controle e, assim, evitar novas medidas restritivas que afetariam a economia.

LE/afp/ots