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"Economist" critica visões extremas de Bolsonaro

12 de outubro de 2018

Revista britânica afirma que presidenciável do PSL lidera uma corrente de opiniões autoritárias e representa um risco à qualidade da democracia brasileira. Publicação, no entanto, considera nova ditadura improvável.

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Jair Bolsonaro vota no Rio de Janeiro
Para "Economist", opiniões extremas do candidato incluem convicção de que a polícia deve matar mais criminososFoto: imago/Xinhua/T. Ribeiro

A tradicional revista britânica The Economist voltou a criticar o presidenciável Jair Bolsonaro (PSL) nesta quinta-feira (11/10) em um artigo que cita as "visões extremas" do capitão da reserva e, ao mesmo tempo, minimiza preocupações de que ele possa levar o país de volta à ditadura.

"Em vez de uma volta a 1964, Bolsonaro representa uma ameaça mais insidiosa. Ele expressa visões extremas", afirma a revista. "É a qualidade da democracia brasileira, e não sua sobrevivência, que corre um risco mais imediato."

Há três semanas, a The Economist havia dedicado uma reportagem de capa à eleição brasileira. Na ocasião, Bolsonaro foi comparado a líderes populistas como Donald Trump, dos Estados Unidos, e Rodrigo Duterte, das Filipinas. O candidato do PSL foi considerado ainda uma "ameaça ao Brasil e à América Latina" e um "presidente desastroso" em potencial.

Na reportagem desta semana, intitulada "O autoritário do Brasil sem um exército", a The Economist traça paralelos entre a situação atual do Brasil e a época do regime militar, que durou 21 anos (1964-1985).

Bolsonaro é um "defensor fervoroso da ditadura militar", diz a revista, tendo afirmado, por exemplo, que o erro do regime foi "torturar e não matar". Ele disse que indicaria militares para postos de ministros e seu vice é o general reformado Hamilton Mourão, que no mês passado falou na possibilidade de um "autogolpe" em caso de anarquia no país, destaca a publicação britânica.

Apesar de admitir algumas semelhanças entre a situação atual do Brasil e a da ditadura, como a polarização entre esquerda e direita, a The Economist afirma que isso não significa que Bolsonaro "iria ou poderia tentar replicar a ditadura".

"A mídia e uma sociedade civil vibrante apoiam a democracia", afirma a revista, acrescentando não haver razão para acreditar que as Forças Armadas queiram tomar o poder. "Elas têm orgulho de ser a instituição mais respeitada do Brasil."

Como evidência disso, a revista cita declarações de 2016 do comandante do Exército, general Eduardo Villas Bôas, em que afirmou que aqueles que pedem intervenção militar são "tresloucados" ou "malucos".

Para a The Economist, mais do que um movimento de direita organizado, Bolsonaro comanda uma corrente de opiniões autoritárias, e "pode estar mais inclinado a uma dinastia que a uma ditadura". No primeiro turno, dois filhos do ex-capitão pegaram carona na sua popularidade: Flávio Bolsonaro, eleito senador pelo Rio de Janeiro, e Eduardo Bolsonaro, eleito deputado federal. Um terceiro filho assessora o pai em elação à política externa, aponta a revista.

A publicação termina o artigo em tom de alerta, citando algumas das visões extremas de Bolsonaro, como a convicção de que a polícia deve matar mais criminosos e seu apoio à liberalização do porte de armas.

PJ/ots

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