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Balanço positivo

2 de setembro de 2009

Os investimentos do governo impulsionaram o desenvolvimento do leste da Alemanha. Ainda atrasada em relação ao resto do país, região necessita soluções inovadoras para se equiparar ao lado ocidental.

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Fábrica da Volkswagen em Dresden, no leste alemãoFoto: AP

A parte oriental da Alemanha foi menos atingida pela crise financeira que a região ocidental. O motivo é que existe um maior número de pequenas e médias empresas nos estados que integravam a extinta Alemanha Oriental, companhias que dependem pouco de exportação.

Além disso, a região oriental do país progrediu fortemente em campos como microtecnologia, tecnologia de energia solar e de produtos orgânicos. Isso, entretanto, não quer dizer que, 20 anos depois da queda do Muro, o leste da república só exiba paisagens verdejantes.

De acordo com uma análise realizada pelo Instituto Alemão de Pesquisas Econômicas (DIW, na sigla em alemão) esse lado do país ainda tem grandes desafios a serem vencidos.

Diferença diminuiu

"Mezzogiorno [sul da Itália] sem a máfia". Foi assim que o ex-chanceler federal alemão Helmut Schmidt classificou em 2005 a situação econômica do leste do país. Ao usar a expressão, o político comparava os estados da antiga RDA com o sul da Itália, cuja força econômica correspondia naquela época a apenas 60% da apresentada pela região norte da nação mediterrânea. O potencial do leste alemão também exibia um índice não muito diferente em relação ao do oeste.

Entretanto, de acordo com Klaus F. Zimmermann, presidente do DIW, hoje é possível dizer que a lacuna entre leste e oeste diminuiu sensivelmente. "Houve enormes avanços na produtividade e no nível de competitividade no leste alemão. A renovação da infraestrutura fez um grande progresso", afirma.

"Também deve ser levado em consideração que o total desmantelamento industrial da RDA desembocou em uma indústria que hoje também é competitiva e que consegue gerar um crescimento considerável", observa o analista.

Leste é menos produtivo

Duas décadas depois da reunificação alemã, a grande injeção de verbas estatais para a reconstrução do leste parece estar realmente dando frutos. Atualmente, o leste registra 78% do nível ocidental de produtividade no trabalho. Dentro dessa mesma comparação, a República Tcheca chega a parcos 30%. Apesar disso, o desnível ainda existente entre os dois lados da Alemanha continua intrigando muita gente.

Karl-Heinz Paqué, professor de Economia da Universidade de Magdeburgo cita um motivo simples. "Essa diferença de produtividade se deve, no meu ponto de vista, à inexistência no leste de uma gama de produtos que tenham o mesmo grau de inovação, o mesmo valor agregado dentro do mercado mundial."

Faltam pólos industriais no leste alemão. As empresas são comparativamente menores, e grandes companhias alemãs ocidentais e internacionais, na maioria das vezes, mantêm na região apenas suas filiais.

O leste é uma mera bancada de trabalho prolongada do ocidente, enquanto os empregos qualificados e altamente qualificados nos setores de pesquisa e desenvolvimento, marketing e gerenciamento são encontrados nas sedes das companhias.

Queda da população

Na opinião do especialista, uma solução seria uma maior cooperação entre os ramos de pesquisa e setores da economia, além de um maior apoio a parques industriais inovadores.

Tudo realizado sem requerer projetos de grandes proporções, observando o problema demográfico da região. No leste alemão, a população tem diminuído sensivelmente. De acordo com os cálculos de Joachim Ragnitz, economista do Instituto Ifo, de Dresden, desde 1990 a região perdeu cerca de dois milhões de habitantes.

"Temos que agir também de forma compensatória. Porque assim vamos cuidar automaticamente da educação, de medidas para aumento de produtividade, pesquisa e desenvolvimento, porque esses são os pontos mais importantes em uma estratégia de fomento para a região leste. Com isso, é possível fazer com que a questão do desenvolvimento demográfico seja encarada como um aspecto positivo ao invés de negativo."

Balanço positivo

Apesar dos problemas a serem resolvidos, os economistas fazem um balanço positivo, 20 anos depois da queda do Muro. Na opinião dos especialistas, o fato de principalmente os próprios alemães orientais avaliarem a situação muitas vezes de forma negativa se deve a expectativas exageradas originadas ainda da época da reunificação e aos falsos referenciais comparativos.

Os analistas lembram que em 1992, durante o dramático desmantelamento do parque industrial da RDA realizado após a queda do Muro de Berlim, o Produto Interno Bruto (PIB) do leste correspondia a 3% do PIB do ocidente. Os progressos na recuperação econômica conseguidos desde então têm sido muito pouco lembrados.

Autores: Sabine Kinkartz/Marcio Damasceno
Revisão: Alexandre Schossler