Eduardo Cunha será denunciado na Lava Jato
19 de agosto de 2015O Ministério Público Federal deve apresentar nesta quarta ou quinta-feira (20/07) denúncia contra o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), por envolvimento no esquema de corrupção na Petrobras, que é investigado pela força-tarefa da Operação Lava Jato.
O deputado deve ser acusado de corrupção passiva e lavagem de dinheiro, afirma o jornal O Globo. A denúncia foi elaborada com base no depoimento do lobista Julio Camargo, que fez um acordo de delação premiada com a Justiça.
De acordo com as acusações, Camargo acusou Cunha de ter recebido propina de 5 milhões de dólares para facilitar um negócio da Petrobras com a Samsung Heavy Industries que envolvia o aluguel de sondas marítimas.
O contrato envolveu 1,2 bilhão de dólares. Segundo Camargo, um total de 40 milhões de dólares em propinas foram pagos para um dos operadores do esquema, Fernando Baiano, e desse total saiu a parte de Cunha.
À época da assinatura do primeiro contrato, a diretoria Internacional da Petrobras, responsável pelo negócio, era comandada por Nestor Cerveró, que foi condenado no início da semana a 12 anos de prisão. Baiano, por sua vez, foi condenado a 16 anos.
Cunha sempre negou qualquer participação nos esquemas investigados pela Lava Jato. Seu nome surgiu pela primeira vez nas investigações em um depoimento do doleiro Alberto Youssef, um dos principais operadores do esquema de corrupção.
Segundo declarou o doleiro, o lobista Julio Camargo repassou propina para Cunha e outros políticos com o objetivo de acelerar o contrato com a Samsung. Camargo, por sua vez, inicialmente não citou o nome de Cunha em seu depoimento, mas depois de ser confrontado com as declarações de Yousseff, acabou por implicar o deputado.
Como tem foro privilegiado, a denúncia contra Cunha vai ser analisada pelo Supremo Tribunal Federal (STF), que vai decidir se ela procede. Se este for o caso, Cunha vira réu.
A denúncia contra Cunha levanta questões sobre quais vão ser os próximos passos do deputado. À medida em que a suspeita de seu envolvimento na Lava Jato foi surgindo, Cunha passou a responsabilizar o governo Dilma Rousseff de querer implicá-lo no escândalo com o objetivo de enfraquecê-lo. O deputado, que nunca foi um aliado confiável do Planalto, começou então a radicalizar sua posição, que culminou no seu rompimento com o governo em julho.
Denúncias
Além de Cunha, o MPF também apresentou denúncias contra o senador e ex-presidente da República Fernando Collor (PTB-AL) e o senador e presidente do PP, Ciro Nogueira (PI).
Collor, que chegou a ter bens como carros de luxo apreendidos em uma das fases da Lava Jato, é suspeito de ter recebido 26 milhões de reais em propina ao longo de cinco anos por contratos firmados com a BR Distribuidora. Ele também nega as acusações e acusa o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, de envolver seu nome para fins de autopromoção. Em discurso no Senado, Collor chegou a chamar o procurador de "filho da puta".
Já Nogueira foi acusado pelo ex-diretor de refino e abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa de canalizar dinheiro de corrupção da estatal para um esquema destinado a políticos do PP. Segundo Costa, 3% dos valores dos contratos sob responsabilidade da sua diretoria eram desviados e que 1% era destinado ao PP. O senador também já negou as suspeitas.